*com Marco Martins
O Rio Ave, que ocupa atualmente o quinto lugar na Liga Portuguesa, tem uma particularidade no seu plantel, contando com dois internacionais guineenses, Nadjack e Pelé, que têm percursos algo similares.
Pelé, médio de 26 anos, vestiu a camisola de Portugal nas categorias sub-19, sub-20 e sub-21, enquanto Nadjack, defesa de 24 anos, também envergou a camisola das Quinas na categoria de sub-20. No entanto, os dois atletas decidiram representar a Guiné-Bissau.
Pelé admitiu que não foi uma escolha fácil, explicando-nos as razões que o levaram a essa decisão: «Foi um pouco difícil, mas admito que tudo ficou decidido quando fui à Guiné-Bissau. Senti o carinho e o amor do povo por mim. Sabia que podia representar tanto Portugal como a Guiné-Bissau, mas decidi-me pelos Djurtus, não porque não tenha qualidade para jogar pelas quinas, mas simplesmente porque quero ser uma peça fundamental para o meu país. O meu sonho agora é disputar o CAN», assegurou.
Quanto a Nadjack, mostrou-se orgulhoso por ter representado Portugal, mas afirmou que vestir a camisola do país onde nasceu, nos seniores, foi algo de natural.
«Nunca é complicado escolher a Guiné-Bissau. Foi o país onde nasci e onde nasceram os meus pais. Mas admito que nas camadas jovens até representei Portugal porque tive a noção que era importante representá-lo. O futebol português abriu-me as portas e deu-me uma oportunidade de ser hoje em dia o jogador que sou, de ser um jogador profissional. Agora sinto-me orgulhoso por vestir a camisola guineense», frisou.
Pelé e Nadjack não são, diga-se, os únicos a ter passado pelo clube vilacondense. Esmaël Gonçalves também decidiu representar a Guiné-Bissau. O Rio Ave tem sido uma ponte de passagem para chegar à seleção africana, numa temporada 2017/2018 em que a equipa de Vila do Conde ocupa um quinto lugar, que dá direito à Liga Europa.
Para Pelé, o objetivo é assegurar essa posição na tabela classificativa: «Estamos a fazer uma grande temporada e nós pretendemos continuar na mesma senda. Vou continuar a trabalhar e a dar tudo para que o Rio Ave consiga ficar no quinto lugar. É para isso que trabalhamos diariamento».
Enquanto isso, Nadjack prosseguiu com o mesmo discurso: «Estamos a fazer um bom trabalho, temos a noção disso, e estamos na luta para atingir os objetivos do clube. Não podemos abdicar do que podemos adquirir», afirmou.
O Rio Ave tem-se afirmado como uma equipa cada vez mais forte e que pode lutar pelos lugares cimeiros na Liga NOS, à semelhança da Guiné-Bissau do que há um ano participou pela primeira vez no Campeonato Africano das Nações.
O médio de 26 anos vê essa evolução obrigatória pela qualidade demonstrada tanto pelos vilacondenses como pelos guineenses.
«As equipas vão crescendo, e as seleções também. Nós vamos à Seleção porque gostamos de estar com os nossos colegas. Sentimos o apoio do nosso povo. Quanto ao Rio Ave, tem crescido bastante e é um prazer fazer parte dos quadros do clube. Não imaginava que era desta dimensão. Estou a adorar a experiência no Rio Ave”, assumiu.
O lateral-direito de 24 anos vai ainda mais longe, ligando Portugal ao crescimento da Guiné-Bissau. «A Guiné-Bissau tem vindo a ter jovens futebolistas com muito potencial. Aliás, Portugal ajuda o país porque aposta nos jogadores guineenses. Os jovens Djurtus estão em grandes clubes em Portugal e isso ajuda na evolução da nossa Seleção. No futuro, acredito que a Guiné-Bissau vai ter uma grande equipa que vai lutar com as maiores potências africanas”, admitiu.
Pelé, que já tem uma carreira invejável com passagens por Belenenses, Olhanense, Paços de Ferreira, Feirense, Arsenal Kiev na Ucrânia, e tendo pertencido a clubes como o Benfica ou ainda o AC Milan, sabe que a Liga Europa é uma porta aberta para a valorização de qualquer atleta, bem como para o clube, que pode ganhar fama no estrangeiro.
«A Liga Europa é um sonho dentro do esforço de fazer sempre o melhor. Temos praticado um bom futebol. Isso valoriza o clube e valoriza todos os jogadores. Isso faz com que os jogadores sejam falados um pouco por toda a parte», concluiu.