*Com Tiago Barroso
O “tanking” tem sido discutido muitas vezes ao longo dos anos, mas para quem não está muito por dentro do assunto é um termo que designa o ato de perder jogos de uma forma propositada, com o objetivo de ter uma escolha alta no draft. Normalmente, estas decisões são tomadas por franchises, cujo objetivo é a reconstrução do plantel. Desta forma, apostar em jovens jogadores, com muito potencial e com contratos que nos primeiros anos têm um valor baixo, parece ser a melhor forma de o fazer.
Desengane-se porém, quem achar que são os jogadores ou até mesmo os treinadores que fazem de propósito para que a equipa perca. Essa decisão vem da direção do franchise, que quando se apercebe que o mesmo, além de não conseguir atingir os playoffs, terá um registo fraco, tenta que ele seja o pior ou um dos piores. Para que isto aconteça, por vezes são feitas trocas nas quais os melhores jogadores são trocados por outros piores, uma vez que além de aumentar o espaço salarial, enfraquece a qualidade de jogo da equipa. Quando isto não é possível, são dadas ordens ao treinador para que faça descansar em alguns jogos os melhores jogadores, sendo que assim a probabilidade de perderem aumenta.
Há uns anos, a formação com o pior registo tinha logo direito à primeira escolha do draft e para que a tentativa das equipas de perderem de forma propositada diminuísse, foi criado o sistema atual, onde são atribuídas percentagens de acordo com a classificação. Posto isto, o pior classificado continua com uma hipótese maior de ter uma escolha alta, contudo nem sempre isso acontece, como se verificou no draft de 2008, quando os Chicago Bulls, terminando a época a meio da tabela e por isso mesmo com uma percentagem de apenas 1,7% conseguiram obter a primeira pick, selecionando o ex-MVP, Derrick Rose.
No panorama atual, temos nos Golden State Warriors a demonstração, que por vezes a fórmula para o sucesso passa também por ter um bom general manager. A atual equipa dos Warriors, ou super equipa como muitas pessoas a chamam, foi conseguida a partir do draft, com a exceção de Durant. Steph Curry foi escolhido na sétima posição em 2009, Klay Thompson na décima primeira em 2011 e Draymond Green, talvez o melhor defensor da liga atualmente, foi escolhido imagine-se, na trigésima quinta posição no mesmo ano que Thompson, logo no mesmo draft, a equipa conseguiu selecionar dois All Stars, sendo que os dois ficaram de fora do top 10.
De forma a tentar acabar em definitivo com o “tanking” ou pelo menos fazer com que o mesmo diminua, a NBA já decidiu novas regras que serão implementadas no draft de 2019. A equipa com o pior registo vai deixar de ter 25% de hipótese de ter a primeira escolha, uma vez que a partir de agora as três equipas com os piores registos vão ter todas a mesma probabilidade que será de 14%. Além disso, as quatro primeiras posições do draft vão ser sorteadas entre 14 franchises, sendo que assim a formação com o pior registo pode acabar por nem conseguir escolher alguém do top 3, o que era algo difícil de acontecer.