Desequilíbrios destes na Europa... só no século passado

Numa altura em que as discussões sobre equilíbrio e distribuição de receitas entre clubes marcam a atualidade, a temporada 2017/18 apresenta registos históricos ao nível da competitividade nos principais campeonatos europeus. Analisando as cinco principais ligas do velho continente (Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França), verifica-se que a distância entre primeiros e segundos classificados, nesta fase, é a maior deste século (62 pontos no total), ultrapassando o registo da época 2012/13 (59 pontos).

Ao longo destes anos, estes números não têm evoluído de forma linear, variando bastante consoante as épocas. A temporada 2009/10 destaca-se pelo equilíbrio, onde por esta altura o total de pontos era de apenas quatro, com La Liga e Ligue 1 com mais de uma equipa na liderança.

Um City à imagem de Guardiola e um Barcelona mais eficaz

Manchester City tem batido recordes na Premier League

Após uma temporada abaixo das expectativas, a segunda temporada de Pep Guardiola no comando do Manchester City tem batido recordes. Com um plantel cada vez mais ao seu gosto, resultante da chegada de nomes como Ederson, Kyle Walker, Bernardo Silva ou Laporte, os Cityzens estão lançados para a conquista da Premier League, perdendo apenas um jogo nas 30 jornadas até agora realizadas. Com 16 pontos de vantagem em relação ao Manchester United e com um calendário favorável, a equipa deve consumar a conquista do quinto campeonato da sua história nas próximas jornadas.

No lado espanhol, um FC Barcelona de orgulho ferido entrou nesta temporada da La Liga. Sem o futebol espetáculo de outros tempos, Ernesto Valverde trouxe maior pragmatismo à equipa dos portugueses André Gomes e Nélson Semedo. Com um Real Madrid irregular e um Atlético a ceder pontos importantes no início da época, os oito pontos de vantagem que os Blaugrana têm sobre os homens de Diego Simeone, nesta fase, dão uma almofada importante aos catalães. Apesar disso, o campeonato espanhol já nos habituou a grandes reviravoltas nas jornadas finais.

Os eternos campeões

Bayern domina novamente Bundesliga

A época do Bayern começou conturbada, em especial fora das quatro linhas, com a saída de Carlo Ancelotti ao fim de sete jornadas. O clube da Baviera voltou a recorrer a uma cara conhecida, e o resultado está à vista. Em 28 jogos com Jupp Heynckes no comando, a equipa soma 25 vitórias e apenas uma derrota. Num nível completamente diferente dos demais, o gigante de Munique tem no final da 26ª jornada 20 pontos de vantagem em relação ao segundo classificado Schalke 04, podendo garantir o hexacampeonato já este domingo.

No caso de outro dominador interno, a incrível regularidade da Juventus nos últimos anos tem-se manifestado, mais uma vez, na presente temporada. A quebra recente de forma do Nápoles (que estava a realizar um extraordinário campeonato) permitiu aos homens de Turim assumirem a liderança do campeonato, tendo nesta fase já quatro pontos de vantagem. Os homens de Massimiliano Allegri têm um calendário teoricamente complicado até ao final da época, mas olhando para o passado recente, não se prevê uma quebra da Vecchia Signora.

PSG demasiado forte para consumo interno

Não contabilizando a vitória do PSG esta quarta-feira (que aumenta a vantagem à condição) os 14 pontos que separam os Parisienses do Mónaco revelam a tranquila caminhada da equipa de Unai Emery rumo à conquista da Ligue 1.  Apesar dos problemas dentro do plantel, a qualidade individual de elementos como Neymar, Cavani ou Mbappé tem resolvido a maior parte das partidas. Com a eliminação precoce da Liga dos Campeões, a conquista da Ligue 1 servirá como um pequeno consolo para o gigante investimento patrocinado por Nasser Al-Khelaifi, no inicio da temporada.

A necessidade de equilibrar as competições é vista por muitos como um dos maiores problemas do futebol atual. Desde uma repartição mais justa dos rendimentos das ligas por todos os clubes, a limitações no valor de transferências ou no número de jogadores sob contrato, um consenso em relação a estes temas ainda está longe. A fórmula não é certa, mas devolver maior emoção aos campeonatos parece ser uma prioridade para as entidades competentes, tendo em contas palavras recentes dos presidentes de FIFA e UEFA. Os amantes do desporto-rei agradecem...