O Liverpool é dos clubes mais titulados de Inglaterra, mas são já 28 anos sem o título nacional (e mais um se avizinha). Dono de uma atmosfera única e própria do que de mais bonito há no futebol, o emblema de Anfield está na terceira época de Jürgen Klopp e vai apresentando uma evolução no futebol, à imagem do treinador, se bem que também alguma inconstância, igualmente própria do alemão.
Poderoso, explosivo e vertical, o estilo de jogo da equipa aglomera excelentes requisitos com bola a partir do momento em que lhe é permitido jogar na primeira fase de construção: futebol de toque rápido, triangulações, passe curto e longo para o espaço, capacidade de desequilíbrio.
Só que peca consideravelmente sem bola, sobretudo depois de a primeira pressão (que é bem feita) falhar. O meio-campo é agressivo durante todo o jogo, mas não é brilhante em termos posicionais e a defesa, que por si só é de segunda linha, torna-se presa fácil nos momentos em que o adversário chega em igualdade ao último terço, o que acontece com frequência.
A contratação de Van Dijk está relacionada com isso e com a procura de estabilizar mais atrás, dando também maior critério na saída de bola. Porém, há um calcanhar de Aquiles que há muitos anos se vê em Anfield: o guarda-redes. Mignolet não convence com o passar dos anos e agora está a ser a vez de Karius, que ainda precisa de se consolidar para convencer a desconfiada plateia.
Tipicamente em 4x3x3, a equipa já se desdobrou várias vezes em 4x4x2, com o reforço do meio-campo em jogos mais exigentes. Já aconteceu com o recuo de Mane ou com a saída de Firmino, se bem que a saída de Coutinho tenha deixado uma lacuna para esse sistema alternativo, visto o brasileiro ser o habitual quarto elemento do miolo, capaz de fazer movimentos de grande mestria em liberdade e aparecer de surpresa em zonas que não a sua (marcá-lo individualmente era um terror).
Posto isto, é muito provável que Klopp opte por conservar um 4x3x3 cada vez mais consolidado e no qual a velocidade, não só de aceleração como de toque na bola, é a grande arma dos três da frente e de Chamberlain, o elemento mais imprevisível nesta altura, pelas movimentações que faz.