Por onde passa o futuro das equipas B?

*com Mário Rui Mateus

Em junho, a assembleia-geral de votação dos regulamentos da Segunda Liga promete ser agitada. Segundo o jornal Record, o grupo de trabalho criado pela Liga para estudar mudanças no segundo escalão, constituído por União da Madeira, Sporting da Covilhã, Leixões, Varzim e Santa Clara, vai apresentar uma proposta com algumas alterações ao regulamento que prometem dar que falar, especialmente em relação às equipas B.

• Redução do número de equipas secundárias na competição: em 2018/19 e 2019/20, as equipas B que obtiverem a pior classificação, descem automaticamente, independentemente da posição obtida. O objetivo é chegar a 2020/21 com três equipas B, num total de 18 equipas;
• Aumento do custo da inscrição das formações secundárias, anteriormente de 50 mil euros para todos os clubes, cujo valor seria distribuído, de forma equitativa, pelos restantes emblemas do segundo escalão:
  -Equipas com orçamentos inferiores a 15 milhões de euros, como Braga ou Vitória SC, vão ter de pagar 200 mil euros;
  -Equipas com orçamentos entre 15 e 25 milhões de euros, vão ter de pagar 300 mil euros;
  -Equipas com orçamentos superiores a 25 milhões de euros, como Benfica, FC Porto e Sporting, vão ter de pagar 500 mil euros;
• Impedimento da inscrição de jogadores com mais de 23 anos nas equipas B. Isto anula, por exemplo, a possibilidade da integração de um futebolista nas equipas secundárias, com o objetivo de ter minutos de jogo.
• Os clubes «devem identificar um plantel até 27 jogadores, aptos a competir na categoria sénior, com idades compreendidas entre os 16 e os 23 anos», permitindo apenas a passagem de jogadores da equipa B para a equipa principal. Isto altera a atual lei, que permite a inscrição de um máximo de 55 jogadores (28 têm de ser Sub-23) numa lista única.

Também é de realçar que no dia 30 de março deste ano, as equipas que pretendam manter as suas formações secundárias em competição, têm de renovar o contrato iniciado em 2015.

A influência das equipas B: quem fica a perder?

©Catarina Morais / Kapta +

Nos clubes referidos estão elementos provenientes das equipas B: Bruno Varela, Rúben Dias, João Carvalho (Benfica), Sérgio Oliveira, Hernâni (FC Porto), João Palhinha, Daniel Podence (Sporting), Bruno Xadas, Fábio Martins, Nikola Vukcevic, Ricardo Esgaio, (Braga), Marcos Valente, João Vigário, Francisco Ramos, Víctor García, Raphinha e Hélder Ferreira (Vitória SC)

O título conquistado no Europeu de 2016 também foi elucidativo da importância das formações secundárias, que potenciaram e por onde passaram jogadores como Cédric Soares, João Mário, André Gomes, Rafa Silva, Renato Sanches e, mais recentemente, Nélson Semedo, Bernardo Silva, Gonçalo Guedes, Gelson Martins e André Silva. Entretanto, Fenando Santos estreou outros jogadores com passado B como José Sá, João Cancelo, Ricardo Pereira, Rúben Neves, Bruma e Gonçalo Paciência.

Em 2012, a introdução das equipas secundárias e o alargamento da Segunda Liga de 16 para 22 clubes foi um marco importante no futebol português. As equipas B, para além de darem espaço a jovens provenientes dos escalões de formação, também permitem que jogadores com idade júnior possam jogar pelos seniores, ganhando maturidade competitiva e preparando-os para o futebol profissional, reduzindo o impacto dessa passagem ao escalão máximo do futebol.

Para além da Seleção, dos clubes e dos jogadores, as médias de assistência também podem cair. Apesar de, nos seus recintos, com exceção do Vitória SC (quarta melhor média de espectadores por partida, atrás de Académica, Famalicão e Santa Clara), não terem muitos adeptos, nas deslocações fora, estes clubes levam muitas pessoas aos estádios.