*Com Miguel Amaral
A chegada ao comando técnico do Swansea promete ser um dos maiores desafios da carreira de Carlos Carvalhal. Com a equipa a quatro pontos da zona de manutenção, a tarefa não se adivinha fácil mas, como prova a história, não é impossível.
Analisando a Premier League desde a época 1995/96, altura em que passou a ser disputada por 20 equipas, em sete ocasiões houve clubes com uma distância pontual (em relação à linha de água) igual ou maior que a do Swansea na 22ª jornada que conseguiram manter-se no principal escalão do futebol inglês no final da temporada. O Sunderland, em 15/16, foi a última equipa a conseguir uma recuperação deste género.
Para aqueles que não acompanharam o percurso recente do treinador, a ida de Carvalhal para o clube galês foi uma surpresa. Chegado ao futebol inglês no início da época 15/16 para orientar o Sheffield Wednesday, do Championship, o português conseguiu (com um orçamento pequeno em comparação com outros adversários) levar o clube por duas vezes consecutivas aos play-offs de subida de divisão. A quebra de resultados esta temporada levou à saída em dezembro do clube, mas não apagou a boa imagem deixada anteriormente.
Após uma subida da League One para a Premier League em apenas três anos, a primeira equipa na história do País de Gales a marcar presença no principal escalão do futebol inglês fez da sua coesão e do Liberty Stadium uma fortaleza.
Apesar da compra do clube por um grupo de investimento norte-americano em 2016, tem-se notado um desinvestimento na equipa. Longe vão os tempos em que o Swansea, com figuras como Joe Allen, Michu ou Wilfred Bony lutava pelo top 10 da Premier League e por uma boa figura nas taças, chegando em 12/13 a ganhar a Taça da Liga (que lhe valeu o apuramento para a Liga Europa da época seguinte).
Na época passada, um péssimo inicio de campeonato fez com que os galeses passassem grande parte da temporada na zona de descida, conseguindo uma boa recuperação na segunda volta do campeonato.
Sem tempo para impor as suas ideias e com um plantel curto e a precisar de reforços, os próximos jogos adivinham-se como muito complicados para o Swansea: Newcastle (fora); Liverpool (casa); Arsenal (casa) e Leicester (fora) são partidas que podem ser decisivas para o futuro do clube. No meio deste calendário complicado, os swans vão discutir o apuramento para os 1/16 de final da Taça de Inglaterra com o Wolverhampton de Nuno Espírito Santo, após o empate a zero no primeiro jogo.
De inspiração para o treinador pode servir o percurso do também português Marco Silva em Inglaterra. Chegado ao Hull City, a meio da época passada, num contexto muito idêntico ao que Carvalhal enfrenta agora, o técnico deu uma nova esperança aos Tigers no campeonato, e apesar de não ter conseguido manter o clube na Premier valorizou bastante o seu trabalho em terras britânicas.
A vida no País de Gales não será fácil para Carlos Carvalhal, mas se algo a sua carreira como o treinador até agora provou (seja ao levar o Leixões à final da Taça de Portugal, ao vencer a Taça da Liga com o Vitória de Setúbal ou a comandar o Sporting numa das alturas mais negras do clube) é que se trata de um treinador habituado às dificuldades.