«Foi um momento único e continua a ser… Algo que não estava à espera, mas já passou…», recorda Andreia Norton, em conversa com o zerozero, ela que aos 21 anos já foi eleita por duas vezes a melhor jogadora do campeonato português e conta ainda com uma passagem de certa forma amarga pelo Barcelona. Mas já lá iremos. Primeiro, recordemos como tudo começou.
O bichinho pela bola começou desde «pequenina». Até aos seis anos jogava futebol na rua com os amigos e mais tarde integrou o Clube Desportivo do Furadouro, onde jogava com rapazes, antes de integrar a equipa sénior da UD Oliveirense… aos 13 anos.
«É verdade. Foi um pouco difícil. Nunca tinha jogado futebol de 11 e não estava habituada a determinadas rotinas. Passei a jogar com mulheres já adultas e isso exigiu muito mais de mim. Mas acredito que em certa forma acabou por ser bom para mim e para o meu crescimento, sobretudo pela oportunidade de jogar na primeira divisão. Eu lembro-me de ter colegas mais velhas do que a minha mãe», recorda a internacional portuguesa ao nosso portal.A aventura seguiu no Cesarense na segunda divisão e depois deu-se o salto para o Clube Albergaria onde viveu momentos muito positivos, sendo eleita a melhor jogadora do Campeonato em dois anos consecutivos.
«Foi aí que me consegui mostrar mais e evoluir. Claro que esse reconhecimento foi uma força extra», resume.
Em 2015, então com 19 anos, Andreia Norton recebeu uma chamada especial. O Barcelona estava interessado e a hipótese de jogar numa das melhores equipas do mundo estava prestes a tornar-se real. Contudo, a estreia com a camisola blaugrana nunca chegou a acontecer…
«Foi um período complicado, mas acho que tudo conta para a nossa aprendizagem. Independentemente de não ter jogado fui conhecer novos mundos do futebol, estive numa grande equipa, acompanhei grandes jogadoras e tive também a oportunidade de treinar com elas. Fui operada três vezes… Tudo contou para o meu crescimento como jogadora e também como pessoa», defende Andreia Norton.«Mágoa? Só comecei a treinar no final da temporada e era um bocado arriscado jogar nessa altura. É verdade que acabei por não fazer jogos, mas foi uma grande conquista minha e espero não ficar por aí. Se Deus quiser vão surgir mais oportunidades», sustenta.
O regresso a Portugal deu-se pela porta do SC Braga, uma das equipas que integrou a nova edição da Liga Allianz com uma estrutura mais profissional. Apenas mais um passo para a afirmação e crescimento do futebol feminino em território nacional.
«Nunca tinha encontrado essa realidade aqui em Portugal. Estamos a falar de clubes grandes que estão a apostar no feminino. Espero que na próxima época apostem ainda mais, pois podemos dar continuidade a esta evolução», defende a jogadora-estudante, que está a terminar o 12.º e pensa seguir Biologia.
Portugal luta agora pela qualificação para o Campeonato do Mundo e Andreia Norton reconhece que as expectativas em torno da equipa das quinas são hoje inegavelmente superiores. Mas é preciso ir com calma.
«Quando se vai conquistando determinadas coisas, as pessoas vão querendo sempre mais e mais e nós vamos trabalhar para conseguirmos responder da melhor forma e quem sabe garantir a qualificação para o Mundial. Mas um dia de cada vez…», analisa.
Mensagem para as jovens jogadoras: «Continuem a trabalhar porque agora têm muito boas condições e tudo é possível. O mais importante é que não desistam porque o nosso futuro é muito grande».
8-0 | ||
Carolina Mendes 19' Carole Costa 47' 83' Diana Silva 63' Dolores Silva 72' (g.p.) Vanessa Marques 79' 90' | Olga Cusinova 32' (p.b.) |