Aproxima-se um dia histórico em Oleiros com a receção ao Sporting, para a Taça de Portugal. Um dia que vai ficar na memória das pessoas do clube e da vila como contou Natan Costa, treinador do clube da AF de Castelo Branco, em conversa com o zerozero.
ZZ: Como é que está o ambiente em Oleiros?
Natan Costa: «Parece-me que há um grande entusiasmo em torno do jogo e tudo o que significa, porque não é normal um clube grande deslocar-se a uma vila do interior para disputar um jogo oficial e é isso que a Taça tem de mágico.»
ZZ: E como é que a equipa vive os dias antes de uma partida destas? O que é que se fala no balneário?
Natan Costa: «Com ansiedade, expectativa, entusiasmo. É uma semana em que o treinador não tem muito trabalho para motivar os jogadores, há uma motivação natural que advém da grandeza do adversário. Todos os jogadores sonham com este tipo de jogos e têm sempre aquela ilusão de que podem fazer algo bonito neste jogo que os possa levar para outros patamares. Para mim é uma situação ingrata, só posso escolher onze e colocar mais três, tendo em conta que é um dia muito especial, é uma mágoa que eu tenho por não poder utilizar os jogadores todos.»
ZZ: Falou-se muito sobre a preparação do estádio. Está tudo pronto para o espetáculo da Taça?
Natan Costa: «O piso foi trocado há 20 dias, não tem nada a ver com a questão do Sporting. É um piso sintético, mas é novo e tem qualidade, penso que é melhor do que aquele onde Portugal jogou com Andorra. Ainda este fim de semana jogámos com a União de Leiria, uma equipa de muita qualidade, e conseguiu praticar o mesmo futebol que pratica no seu relvado, que é um estádio do Euro.»
«A outra parte logística, as pessoas de Oleiros, Câmara e outras entidades, têm feito um esforço tremendo para ter tudo pronto e tenho a certeza que vai estar tudo bem organizado e que a vila de Oleiros vai provar que este conceito da Taça, em levar as equipas grandes a outras localidades, é possível. Eu tenho pena que isto não aconteça mais vezes. As pessoas falam muitas vezes nas receitas que os jogos dão quando as equipas do interior vão jogar para outros estádios, estamos a falar de dinheiro. O dinheiro, ao fim de um ano, dois, já desapareceu. Às vezes não se investe bem e desaparece. Um jogo destes vai ficar na memória das pessoas por décadas, vai ficar para a história, nunca mais se vão esquecer deste dia. Acho que o interior merece isto, esta zona que foi muito massacrada com os incêndios, merece isto, merece um dia assim».
ZZ: Jogar no próprio estádio também tem um sabor especial...
Natan Costa: «Acho que nos sentimos mais confortáveis, imagine o que era chegar a Alvalade e encontrar uma assistência numerosa. Se calhar os jogadores podiam acusar mais a pressão ou a ansiedade e não se conseguirem soltar para o jogo. Aqui, perante os nossos adeptos, penso que nos ajuda um bocado a ultrapassar o receio e respeito que pode e tem que haver pelo Sporting.»
ZZ: Sente que podem fazer Taça?
Natan Costa: [risos]«Eu acredito, já percebi que vai haver alterações no onze. É natural que o mister Jorge Jesus dê oportunidades a outros jogadores que vão mostrar que têm qualidade e potencial para ajudar mais vezes a equipa. Um aspecto que os treinadores passam muito tempo a analisar, para tentar minimizar o fator surpresa dos adversários, é o fator das bolas paradas. E é se calhar o treinador mais difícil de prever, é um dos treinadores mais criativos do mundo. Sabemos que vai haver muitas dificuldades, que vamos ter de sofrer, que vamos ter de ocupar com inteligência algum espaço em que o Sporting gosta de ter bola e quem sabe, em alguns momentos, sair para o ataque, tentar jogar no meio campo adversário e tentar entusiasmar os adeptos»
ZZ: Sente que um possível menor conhecimento do Sporting pode ser uma vantagem para o Oleiros?
Natan Costa: «Não acredito nisso. A realidade é que os jogadores do Sporting são muito mais fortes, mesmo jogando com a segunda linha, sabemos que têm uma qualidade enorme. Não acredito que não tenham visto pelo menos um jogo do Oleiros, tendo em conta o nível de profissionalismo de que estamos a falar. Esse lado estratégico não é tão importante, é redutor olhar para isto como apenas um jogo de futebol. Temos de olhar para isto como uma grande festa que vai haver no interior do país, uma homenagem e uma prova de que é possível estes eventos acontecerem no interior. Claro que para isso foi importante todo o esforço da Câmara e das entidades de Oleiros e porque desde o princípio se sentiu que havia boa vontade por parte da Federação Portuguesa de Futebol e por parte do Sporting em fazer disto aquilo que se deseja para a Taça de Portugal, que seja um dia de festa. Eu costumo dizer que os clubes grandes não são património de Lisboa e do Porto, são patrimónino nacional e mundial. Acho que é importante para a consolidação das marcas, de outras zonas, que venham cá jogar também.»
ZZ: E como é que um treinador pode gerir as emoções de um jogo destes?
Natan Costa: «Eu estou muito tranquilo, é um jogo em que ninguém me vai exigir nada. Tenho essa mágoa de não poder dar oportunidade a todos para jogar. Vou ter de tomar decisões, vou ser injusto aos olhos de alguns jogadores e depois deste jogo se calhar alguns vão-me querer bater mas quem está a treinar tem de tomar decisões. Espero que haja alguma compreensão por parte dos jogadores e que consigamos dar uma resposta positiva porque o grupo de trabalho é bom, tem qualidade, tem potencial, é jovem. Estamos a crescer, a aprender e estes jogos são especiais.»
2-4 | ||
Jackson 80' Djô Djô 90' | João Palhinha 23' 62' Mattheus Oliveira 41' Rafael Leão 86' |