O administrador da SAD do Benfica enalteceu os resultados obtidos para sociedade em 2016/2017 e explicou que as vendas deste verão ainda não se refletem na totalidade nestas contas.
«Quando se vende no dia 30 de junho, ou 29 ou 28, o dinheiro não entra nesse dia e por isso não permite fazer a redução do passivo. Evidentemente a rubrica de clientes cresceu 40 milhões de euros e quando esse valor for pago, não me servirá para o ter em caixa, mas para reduzir o passivo. O que garanto é que mantendo os cenários neste momento a redução de passivo vai continuar a observar-se e com maior impacto em 2017/18. Nas contas de primeiro semestre já veremos esse impacto», garantiu.
O dirigente falou também dos números globais presentes no exercício: «Houve uma redução do passivo que tem de ser lida acompanhada pelo incremento do ativo. Essa redução do passivo permitiu-nos pela primeira vez ter receitas a nível de grupo que são superiores ao total do passivo sujeito a juros, ou seja, aquilo que designamos de passivo financeiro, entre empréstimos bancários e os empréstimos obrigacionistas e aspeto mais relevante é que a divida ao sistema financeiro português diminuiu perto de 90 milhões de euros».
Por fim, a garantia de que esta forma de gerir, desde o lado desportivo ao financeiro, continuará a ser prática do clube.
«Há muito tempo que nesta casa definimos uma estratégia, primeiro a cinco anos e depois a 10. Nessa estratégia há claramente uma aposta naquilo que é o trabalho feito no Caixa Futebol Campus de acreditar que os nossos jovens jogadores têm condições para ser o futuro do Benfica em termos de plantel principal. Essa estratégia tem vindo a ser implementada, quer pela estrutura do Benfica, quer pelos seus órgãos sociais, quer pela equipa técnica», atirou, antes de refletir sobre o panorama atual do futebol.
«O clube é vendedor. Quando referi isso, não tínhamos necessidade porque com as vendas do início da época 2016/17 tínhamos condições para não necessitar de novos financiamentos. Mas isto não tem um modelo, as receitas do ponto de vista operacional não são suficientes para cobrir as ambições que temos. Portanto, queremos reduzir o peso da dívida e com isso haverá uma diminuição dos encargos financeiros e assim maior capacidade para pagar aos melhores jogadores. Temos uma frase «o talento paga-se» e por isso se queremos sucesso desportivo temos de estar preparados para pagar bons salários. Isso não põe em causa que sejamos um clube vendedor. Há situações que temos de vender, continuaremos a ser um clube vendedor e aquilo que tentamos de fazer é precaver as necessidades tesouraria no início da época, fazendo vendas que permitam encarar o resto da época com a tesouraria controlada. Pode-se discutir o timing, se a venda é feita no momento certo, ou esperar um ano, mas o nosso objetivo é manter os melhores jogadores durante cada vez mais tempo. Mas é preciso conhecer outra realidade: os jogadores também pensam, também estão atentos. Preocupa-me o crescimento dos salários fora de Portugal, situações como as deste verão, quer em aquisição quer salário, são situações que não podem ser encaradas de forma moderada para os países do mercado periférico como o português. Quando a um jogador é oferecido três, quatro, cinco milhões de euros sem impostos não é difícil, é impossível retê-lo. Há aqui um equilíbrio na nossa vontade de reter o jogador, a necessidade de vender e a vontade do jogador», explicou, em palavras recolhidas em O Jogo.