asa_scouting 25-04-2024, 08:44
No ano de 2011, a UEFA introduziu no futebol europeu as regras de Fair Play Financeiro com o objetivo de controlar os gastos dos clubes mais endinheirados no mercado de transferências. Diz o regulamento que os emblemas não poderão ter despesas superiores às receitas, sob pena de lhes serem aplicadas multas avultadas.
Na prática o que tem vindo a acontecer? As transferências estão cada vez mais caras e clubes como Manchester City ou PSG, com elevado investimento de grupos empresariais, não têm aparentado grandes problemas no pagamento das multas aplicadas pelo organismo europeu, chegando habitualmente a acordos com o mesmo, e continuam a investir rios de dinheiro em novos jogadores.
Os citizens, por exemplo, gastaram já neste mercado 135 milhões de euros em três defesas laterais, além de 40 milhões de euros no guarda-redes Ederson. São valores exorbitantes e principalmente tendo em conta que o clube inglês apenas encaixou cerca de 40 milhões de euros neste mercado, sendo a venda mais rentável a de Enes Ünal, vendido ao Villarreal por 14 milhões.
As regras existentes e punições correspondentes parecem não chegar para evitar o crescimento da disparidade entre clubes ricos e clubes pobres e por isso, e como realçam os italianos da Gazzetta dello Sport, a UEFA está a preparar um novo modelo de aplicação do Fair Play Financeiro.
De forma a controlar os gastos, Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, propõe a introdução de três novas restrições: um teto salarial, um imposto de luxo e uma limitação no número de contratações.
O teto salarial é uma medida comum, por exemplo, na NBA, que limita os valores que um clube pode pagar em salários aos seus atletas. Pode ser fixado um limite máximo por jogador ou para todo o plantel, com diversos escalões dentro do plantel. Uma medida que, no entanto, nem sempre é linear. Na NBA existe um regime de exceção, que caso seja aplicado também no futebol irá permitir a alguns jogadores específicos manterem os seus salários acima do limite teórico.
Lionel Messi, por exemplo, aufere desde a última renovação um salário a rondar os 40 milhões de euros por ano. Mantendo a comparação com o basquetebol norte-americano, podemos dizer que o teto teórico anda pouco acima dos 20 milhões de euros anuais. No entanto, em casos como o de Messi abrem-se exceções, já que falamos de um jogador que fez toda a carreira no Barcelona. Basquetebolistas como James Harden ou Stephen Curry, a título de exemplo, auferem valores acima do limite mencionado, visto terem cumprido já um grande número de temporadas no mesmo clube.
Além dessas possíveis exceções, poderá ainda haver outras formas de os clubes contornarem a regra, aumentando os prémios de assinatura ou outro tipo de recompensas extraordinárias. Faltará saber, então, se a UEFA procurará também limitar este tipo de gastos, na teoria, não regulares.
O imposto de luxo, outra medida proposta por Ceferin, prende-se em particular com os gastos nas transferências, mas poderá também aplicar-se aos salários. Numa altura em que se fala em possíveis negócios exorbitantes por jogadores como Neymar ou Mbappé, por exemplo, é boa altura para colocar a hipótese: se Neymar fosse de facto comprado pelo PSG por 222 milhões de euros, e se a regra estivesse já em funcionamento, dez por cento deste valor (22,2 milhões) teriam de ser pagos - a acrescer ao valor da compra - ao sistema.
O valor em questão, proveniente do imposto, seria posteriormente distribuido pelos clubes da forma mais eficiente possível, seja através do aumento dos prémios de participação nas competições europeias ou da distribuição dos valores pelas Ligas nacionais dos países europeus.
Por fim, coloca-se a hipótese de uma limitação das contratações, sendo que cada clube poderia apenas contratar um número limitado de jogadores em cada janela de transferências. Além disso, estuda-se também a alteração dos regulamentos dos empréstimos, para que estes fiquem limitados a jogadores jovens e não a jogadores, por exemplo, com idade próxima ou superior aos 30 anos.