Diz o lugar-comum que a sorte protege os audazes, e o FC Porto fez por merecê-la nesta noite de domingo em Guimarães. Em jogo estava um troféu - de pré-temporada, sim - e foram os dragões que o levaram para casa. Levaram também dois golos e uma confiança redobrada na nova parceria do ataque, com Soares e Aboubakar a demonstrarem a frieza necessária para garantirem o triunfo em terreno alheio. Já o Vitória SC foi castigado pelos deslizes do setor defensivo, figurativos e literais.
Foi quase total o controlo do FC Porto na primeira metade do encontro. Sérgio Conceição lançou as principais armas quase todas no arranque - apenas Brahimi começou no banco - e o ritmo de jogo foi assumido pelos dragões desde cedo. Também desde cedo, no entanto, ficava um alerta para os 22 em campo: o novo relvado do D. Afonso Henriques, acabado de colocar, dava azo a uns quantos deslizes.
Embora anfitriões, eram os vitorianos quem mais tombavam por acidente e aos 21 minutos isso valeu mesmo um golo para o adversário. Algum tempo depois de dois falhanços claros de Otávio e de Soares ter acertado na trave na sequência de um cruzamento de Alex Telles, Moreno tentou controlar uma bola e escorregou em zona defensiva, entregando a Aboubakar. O camaronês foi por ali fora, contornou Douglas em velocidade e encostou. E ainda deve ter agradecido a oferta.
O brinde, veríamos pouco depois, era duplo. Cinco minutos bastaram depois dos festejos de Aboubakar para que um erro de Josué, que deixou a bola passar na direção de Douglas, permitisse a Soares aparecer para desviar de forma subtil e bater o guardião vitoriano. Dois erros, duas finalizações eficazes dos atacantes portistas e tudo muito bem encaminhado para a equipa de Sérgio Conceição, que mesmo baixando um pouco o ritmo nos momentos finais do primeiro tempo não deixava que o jogo lhe fugisse.
Com o intervalo veio, como seria de esperar em pré-temporada, a avalanche de mudanças. Pedro Martins mudou cinco, Sérgio Conceição mudou três, entre os quais André André. E salientamos o médio em particular porque a sua participação no jogo acabaria por ser a mais...surpreendente. Depois de cinco minutos em campo, o jogador portista travou Hurtado com uma entrada muito dura e viu prontamente o vermelho. Tão prontamente quanto permitiu o vídeo-árbitro, pelo menos, essa tal novidade para esta época que acabaria por ter mais protagonismo nesta etapa complementar.
As substituições, que iam prosseguindo, tornavam o jogo mais quebrado, dissipava-se o domínio azul-e-branco, e o Vitória SC até reclamou um golo, mas foi travado pela (vasta) equipa de arbitragem. Texeira ficou perante José Sá - que substituiu Casillas - e picou sobre o guardião portista na direção do golo. No limite apareceu Felipe a cortar em cima da linha e disse o árbitro que a bola não chegou a entrar. Ficaram dúvidas que nem as imagens resolvem por inteiro.
A verdade é que o Vitória estava em desvantagem no marcador mas em vantagem numérica, pelo que se esperava uma mais eficaz reação, mas depois desse tal lance no limite do golo as ocasiões tardavam. Até foi o FC Porto quem mais se aproximou novamente do golo, quando uma bela jogada coletiva dos portistas sobre a direita culminou num remate de Ricardo Pereira - por esta altura a jogar como extremo - a rasar o poste, e apenas nos minutos finais o Vitória conseguiu ameaçar de facto, com dois remates de Rafael Martins travados por José Sá. Pertenceu ao FC Porto o triunfo, pertenceu ao FC Porto um troféu de pré-época a pouco mais de duas semanas do arranque da época oficial para os dragões.
Os dois erros defensivos do Vitória SC no primeiro tempo permitiram ao FC Porto chegar cedo aos 2x0 e penalizaram duramente os vitorianos, que mesmo em vantagem numérica no segundo tempo não conseguiram contrariar a desvantagem.