Em entrevista ao zerozero, a avançada de 25 anos, nascida no Brasil, recorda o dia em que decidiu representar Portugal e as emoções vividas no primeiro jogo com a camisola das quinas.
«Foi um momento de muita alegria. Sabia que naquele dia ia sair a convocatória final e nem consegui dormir! Recebi o e-mail às 5 horas da manhã lá no Brasil e fui logo acordar e avisar os meus pais. Muita alegria. Nem dormiram mais», recorda Suzane, que tem no avô paterno a ligação a Portugal.
«Na altura em que recebi a convocatória para a seleção portuguesa, a seleção brasileira também estava em contacto comigo, mas assim que recebi o convite de Portugal disse-lhes que estava decidida e que aquele era o caminho que queria seguir. Gosto muito de estar aqui e a cada convocatória percebo que foi a escolha certa», descreve.«Já sei o hino, claro! O primeiro jogo em que estive aqui foi com a Irlanda e foi... algo muito lindo. É algo que vou levar para a vida inteira. O que mais gosto de Portugal? Pastel de Nata!», confessa.
Nasceu no Brasil, cresceu na Alemanha, passou pelos Estados Unidos, onde, além de jogar futebol, se licenciou em Administração de Empresas, regressando no último ano ao Brasil para representar o Santos. Mas, afinal, como é que tudo se proporcionou na carreira de Suzane?
«Na verdade, nem me lembro quando comecei a jogar. Mas foi logo muito pequena. Tenho um irmão mais velho que me arrastava para todo o lado e mal comecei a andar ofereceu-me uma bola. Depois ainda joguei no Brasil numa equipa de meninos com 8/10 anos», relembra.
«Aos 14 anos mudei-me com os meus pais para a Alemanha e foi lá que surgiu a hipótese de ir para os Estados Unidos. Não tinha essa ideia, mas quando era mais pequena recordo-me que dizia: “um dia vou jogar nos Estados Unidos”. No último ano de escola, um treinador viu-me jogar e perguntou se não queria ir para os Estados Unidos. Concorri a uma bolsa de estudos e depois de acabar a faculdade fiz um teste para uma equipa profissional [Boston Breakers] e fiquei lá durante um ano», descreve.Passou pela histórica Portuguesa dos Desportos, curiosamente quando recebeu a primeira convocatória para representar Portugal, antes de assinar pelo Santos, e agora é a primeira jogadora da história do Peixe com a oportunidade de jogar um Campeonato da Europa.
«As minhas colegas gostaram muito, estão sempre a brincar comigo e a dizer: “Você é fera!”. É uma coisa muito boa, realmente. Muitas estão a acompanhar a evolução do futebol português e até me perguntam se não tem maneira de as trazer para jogar no Braga ou no Sporting», revela.
«Fui sempre muito bem tratada. Nunca me senti diferente». É desta forma que Suzane Pires descreve a forma como foi recebida no grupo português. Perfeitamente adaptada ao ambiente Seleção, a avançada promete que a equipa vai dar o «máximo» para conseguir, quem sabe, passar a fase de grupos do Europeu.
E quando a pergunta é sobre um eventual ingresso no campeonato luso, os olhos de Suzane brilham. Embora reforce que tem contrato com o Santos «até dezembro», a jogadora não esconde a vontade de jogar em Portugal. E o marido acaba de mudar-se para o Nacional da Madeira...«Seria bom. Muito bom. É sempre bom estar perto de quem a gente ama. Tenho contrato até dezembro, depois posso assinar por quem quiser. Vamos o que vai acontecer até lá!», refere, elogiando a Liga Allianz.
«Tem muito espaço para crescimento. É muito importante o investimento de equipas como o Braga e o Sporting», atira.
Não podíamos terminar a entrevista sem pedir a Suzane para deixar uma mensagem às jovens que começam a dar os primeiros passos firmes no futebol feminino. O sonho está ali ao lado, mas não podem esquecer os estudos...
«A formação é muito importante. Se lutarem conseguem alcançar o vosso sonho e quem sabe uma bolsa de estudos noutro país. E isso é muito importante. Lutem pelo vosso sonho porque vai valer a sempre a pena», garante.
2-0 | ||
Vicky Losada 23' Amanda Sampedro 42' |