Orgulhoso pela subida, mas crítico do calendário. Assim está, por estes dias, Pedro Miguel, treinador da UD Oliveirense. A equipa de Oliveira de Azeméis perdeu na receção ao Salgueiros mas ainda assim garantiu o apuramento para a Ledman LigaPro, por ter sido a primeira classificada da fase de subida na Zona Norte do Campeonato de Portugal Prio.
Além disso, a UD Oliveirense marcou encontro com o Real, vencedor da fase de subida na Zona Sul, sendo que irá disputar a final a 4 de junho com a equipa de Massamá, em Viseu.
«Sentimos uma grande alegria, é um sentimento de dever cumprido. Partimos para esta época com esse objetivo de regressar à Segunda Liga. Sabíamos que era um trabalho difícil, mas tínhamos a convicção e a esperança de conseguir atingir a subida de divisão. Foi só na última jornada e não conseguimos um resultado positivo, mas o mais importante foi subir de divisão», começou por realçar Pedro Miguel em entrevista ao zerozero.
Pedro Miguel Campeonato Portugal Prio Subida Zona Norte 16/17 |
O que fez então a diferença a favor da UD Oliveirense nesta fase de subida, disputada por oito equipas? «Foi o fator casa. Acabámos por perder o último jogo, mas foi claramente o fator casa, porque tivemos seis vitórias nos seis jogos anteriores e isso foi determinante».
Para trás ficam os desafios de criação de uma equipa a partir de um plantel fortemente remodelado, fator que acabou por dificultar o trabalho da equipa técnica.
«Foi uma remodelação quase total do plantel. Tivemos dificuldades no arranque do campeonato, um campeonato diferente, ao qual muita gente não estava habituada, incluindo eu. Tivemos algumas dificuldades em nos adaptarmos a este campeonato, mas acabámos por ir a tempo de recuperar na segunda volta da primeira fase e ficar em primeiro lugar, e depois fizemos aquilo que queríamos, que era ficar em primeiro na segunda fase e subir de divisão», realçou o técnico.
O percurso no Campeonato de Portugal Prio foi de sucesso para a UD Oliveirense, aconteça o que acontecer na final, mas Pedro Miguel não é defensor do formato atual da prova, que implica a disputa de uma primeira fase, seguida de uma fase de subida ou de manutenção, consoante a prestação das equipas.
«Eu não defendo muito estes moldes, mas certamente que foram os clubes que acertaram. Eu preferia três zonas, um campeonato de 16 a 18 equipas, e poder subir logo o primeiro diretamente. É extremamente difícil e exigente um campeonato de 80 equipas em que só podem subir duas. Acho que é algo injusto para tantas outras que ficaram tão próximas da subida e certamente também apostaram na subida. Subiram duas para já, há possibilidade de subirem mais duas, mas as equipas da Segunda Liga levam uma certa vantagem [no play-off] em relação às equipas do nosso campeonato, não vamos estar a enganar ninguém».
A 4 de junho a equipa de Oliveira de Azeméis terá então pela frente o Real. Até lá há muito tempo de espera. Demasiado, segundo Pedro Miguel.
«[O título] é muito importante para as duas equipas, embora logicamente só possa falar pela UD Oliveirense. Temos a ambição de sermos campeões nacionais, do outro lado certamente o Real pensará o mesmo. Mas é uma pena, e aqui também só falo pela UD Oliveirense, que tenhamos de estar três semanas à espera de um jogo quando depois há que começar uma pré-época relativamente cedo e os jogadores também precisam de férias. Até nisso as pessoas têm que ter alguma atenção, porque quer nós quer o Real vamos estar durante três semanas a trabalhar, com muita ou pouca motivação até lá...de um lado e do outro queremos jogar esse jogo, mas queríamos jogar rapidamente para depois ambas as equipas terem tempo para planear a próxima época com mais tempo, para os jogadores terem mais férias. Tenho alguma dificuldade em compreender, enquanto treinador da UD Oliveirense, que estejamos três semanas à espera de uma final».
Motivar os jogadores será, então, tarefa complicada para a equipa técnica. «É difícil, é muito difícil. Nós conseguimos o que queríamos, para chegarmos à final tínhamos que ficar em primeiro, estamos satisfeitos com o que fizemos. Mas agora, e certamente que quando se aproximar o jogo será diferente, mas nestas próximas duas semanas não vai ser fácil lidar com os jogadores, procurar motivá-los, [transmitir] que é extremamente importante vencer este jogo e eles trabalharem bem. É sempre difícil, porque pode haver jogadores que não vão ficar no plantel ou que vão mudar de clube. É algo muito complicado a que as pessoas têm que ter atenção futuramente. Acho que não se deve estar três semanas à espera de uma final».
Depois de três temporadas noutras paragens - Feirense e Leixões - Pedro Miguel regressou, no início de 2016/17, ao clube da sua terra. Na mesma entrevista ao zerozero, o treinador explicou porque aceitou regressar e ajudar a equipa na tarefa da subida.
«Foi-me apresentado um projeto bom, de rapidamente chegar aos campeonatos profissionais. Houve pessoas da cidade que me contrataram e estiveram ao nosso lado para que nada faltasse à UD Oliveirense este ano. Pela escolha do plantel também. Partíamos com essa grande ambição de regressar rapidamente aos campeonatos profissionais e à Segunda Liga. Sabíamos que ia ser difícil, mas foi o planeamento, foram as pessoas, que acharam que eu era o homem certo para levar o clube de volta aos campeonatos profissionais e com aquelas pessoas era impossível dizer que não», salientou, indicando depois os aspetos em que o clube pode ainda melhorar.
«A UD Oliveirense agora só precisa de continuar a melhorar em termos de infraestruturas, precisa de um estádio, precisa de melhores condições, de estruturas físicas, e depois se calhar pensar em algo mais num futuro próximo».
Pedro Miguel UD Oliveirense Total |
Para rematar a conversa, Pedro Miguel abordou a hipótese de voltar a comandar a equipa no segundo escalão do futebol português, tal como fez já em quatro temporadas.
«Ainda não conversámos, não há nada. As pessoas demonstram vontade, como é lógico, na minha continuidade, mas vamos ter que ponderar porque a manutenção é extremamente difícil no primeiro ano, tanto as equipas da Segunda Liga como as que sobem à Primeira Liga normalmente têm dificuldade. Basta ver que as equipas que no ano passado subiram do Campeonato de Portugal à Segunda Liga estão com imensas dificuldades de se manterem nesse campeonato. Por isso há que planear bem para evitar sobressaltos. E daí eu também ter já dito que é incompreensível os clubes estarem três semanas à espera de uma final para depois não terem tanto tempo para planear bem».
0-2 | ||
Érico Castro 31' 67' |