O objetivo neste artigo não será dar uma resposta ao título, mas sim apontar as principais peripécias de uma passagem que foi mais curta que o que se previa. Chegou do Desportivo de Chaves e a realizar uma boa prova pelo clube transmontano. No Braga, prometeu os 65 pontos, mas sai do clube bracarense ainda quando faltam quatro jornadas para o fim do campeonato. Jorge Simão entrou de mão firme e afastou o capitão para a equipa B, mas os resultados (e o futebol praticado) não lhe deram razão.
A irregularidade exibicional da equipa não impediu que a equipa se pudesse bater olhos nos olhos diante dos dois candidatos ao título, mas isso não foi suficiente para convencer uma massa associativa do Braga sedenta de bom futebol, e que pouco tempo antes tinha «empurrado» o consagrado José Peseiro para a saída.
Os primeiros tempos de Jorge Simão no clube bracarense pautaram-se pelos bons resultados. O técnico português entrou numa fase de sobrecarga de jogos, e por isso foi difícil introduzir variações táticas- Simão vinha com um histórico de 4x3x3 e continuou com o 4x4x2 que vinha de Peseiro.
Nos primeiros seis jogos, Simão amealhou apenas uma derrota, tendo conseguido nessa fase, pela primeira (e única) vez, uma série de duas vitórias consecutivas ao serviço dos arsenalistas (0x1 frente a Marítimo e 2x0 diante do Tondela)
Ainda assim, o início de Jorge Simão foi marcado pelo afastamento de um dos capitães, André Pinto, do plantel principal. O defesa central acabou por cair para a formação secundária, e acabou por ser contratado pelo Sporting, tenho em vista a próxima temporada. O técnico falou de uma decisão «irrevogável» e referiu que era «inconcebível que o jogador não se sacrificasse pela equipa».
Jorge Simão teve como principal feito ao serviço dos bracarenses, o apuramento para a final four da Taça da Liga – o apuramento foi conseguido muito às custas de um golo tardio na Madeira.
A Final Four no Algarve chegou e depois da vitória dos arsenalistas frente ao Vitória de Setúbal, e, porque não dizê-lo, da eliminação encarnada aos pés do Moreirense, o Braga era encarado como favorito para o seu quarto título nacional. A final evidenciou os problemas coletivos e o Moreirense foi consagrado como campeão de inverno. A equipa iniciava uma série de seis encontros sem conhecer o sabor da vitória
Depois da vitória de Abel, em Alvalade, diante do Sporting, Jorge Simão continuou com a tradição de fazer frente aos gigantes do futebol português. Recorde-se que o técnico, ao serviço do Desportivo de Chaves, já tinha eliminado o FC Porto na Taça de Portugal.
Primeiro diante dos encarnados, na Pedreira, Simão conseguiu anular (quase) por completo os encarnados, salvos por um golo de antologia de Mitroglou (0x1). Já nesta fase, as constantes lesões, particularmente no eixo central, incomodavam os planos do treinador.
Mais recentemente frente ao FC Porto, já com o espetro dos 65 pontos muito longe, Jorge Simão continuou a sua senda invencível diante dos portistas, dando ao Benfica ainda mais oxigénio para a conquista do tetra campeonato (1x1).
Simão ainda foi capaz de lançar na equipa principal elementos da equipa secundária – orientada então por Abel, novo treinador da equipa principal – (Gamboa, Pinho, Xadas e Bruno Wilson), mas isso foi insuficiente para convencer António Salvador (e o próprio Jorge Simão) a esquecer os 65 pontos prometidos.