Administrador da SAD encarnada e homem-forte das finanças do Benfica, Domingos Soares Oliveira deu esta terça-feira uma grande entrevista ao jornal Record onde fala de diversos assuntos relacionados com as finanças do clube da Luz, no que toca a projetos, estratégias e venda de jogadores.
Sobre a saúde financeira dos cofres encarnados, Domingos Soares Oliveira admitiu que o clube está perto de atingir o equilíbrio entre passivo e ano de faturação, um dos objetivos do mandato de Luís Filipe Vieira.
«O passivo sujeito a encargos financeiros situa-se hoje na casa dos 300 milhões de euros. A nossa faturação, sem novas operações, está entre os 230 e 250 milhões. Pode ser que entretanto aconteça uma venda antes do fecho do exercício e, portanto, estamos muito perto de conseguir esse equilíbrio. Em 2004, quando entrei no Benfica, tínhamos um total de receita de 40 milhões. Hoje temos 240. O que se comprova é que, trabalhando as vertentes certas, é possível fazer crescer o nível de faturação. Não temos novos empréstimos desde 2014. O que tem sido feito desde então é reduzir a dívida», referiu o administrador da SAD encarnada, assumindo que as receitas da Liga dos Campeões serão ainda mais importantes a partir de 2018.
«Quando fazemos o orçamento, posicionamos o Benfica para atingir os oitavos de final. Isso não significa falta de ambições, significa objetividade que tem de ser introduzida num documento tão importante como o orçamento. Esse resultado foi alcançado e, portanto, não afeta o orçamento. Isso tem a sua relevância hoje, mas terá relevância muito maior no futuro, porque, como se sabe, no ciclo 2018-2021 as verbas que vão ser distribuídas pelos clubes vão crescer significativamente», ressalvou.
Nos últimos anos, o clube encarnado tem estabelecido importantes parcerias com empresas internacionais, algo que tem vindo a aumentar o nome e o estatuto do clube da Luz além-fronteiras. Domingos Soares Oliveira afirma que o clube não irá parar por aqui.
«Neste momento, temos em curso projetos de internacionalização e que tem a haver com os mercados asiático e americano. São dois mercados importantes e, embora não seja algo que se vá fazer sentir em termos de volumetria no curto prazo, nós acreditamos que dentro de pouco tempo teremos algumas dezenas de milhões de euros a serem gerados nesses mercados», falando também do assunto do «naming» do Estádio da Luz, inserido nos novos projetos do Benfica.
«Temos propostas do mercado internacional, não há qualquer empresa portuguesa neste momento que tenha revelado apetência pelos números que temos. Os namings dos estádios, pelo que temos visto em termos europeus, salvo honrosas exceções, situam-se entre os 4,5,6 e os 10 milhões de euros. Depende do que a marca vai querer fazer com o naming», acrescentou.
Inegavelmente, uma das maiores fontes de rendimento dos clubes portugueses são as transferências milionárias. Nesse âmbito, Domingos Soares Oliveira acredita que a aposta na formação deve continuar, para que no futuro os encarnados não dependam tanto da venda de jogadores.
«Os clubes desenvolvem-se em três grandes áreas de negócio: comercial, patrocínios e bilhetes/transmissões. Os clubes portugueses criaram um quarto vetor, que é o «trading» de jogadores, que passou a ter uma importância grande. Em termos de vendas de jogadores, os valores mostram que temos feito entre 60 a 80 milhões todos os anos», lembrou.
«Temos de manter a aposta na formação, quer em termos do que fazemos no Futebol Campus quer com o que tem a ver com o nosso «scouting». O objetivo é gerar mais valias com esses jogadores. Quanto mais conseguirmos desenvolver o nosso negócio sem a venda de jogadores, menos necessidade temos de vender. Temos definido que o nosso objetivo de crescimento tem de ser igual ao dos cinco grandes [clubes da Europa]. A nossa esperança é não depender tanto da venda de jogadores», concluiu.