Foi, por certo, um jogo atípico para o adepto portista, atendendo a muitos que se têm visto esta época no Dragão, mas completamente bem conseguido e com mérito da equipa de Nuno Espírito Santo, que marcou três e poderia ter feito ainda mais diante de um Moreirense sem argumentos. Os portistas voltam a olhar com melhor definição para o primeiro lugar a fechar a primeira volta.
Havia um ténue despertar do ânimo portista, como já houvera noutras ocasiões esta época. Agora, sem o mesmo entusiasmo por parte de uma plateia desconfiada. Era preciso uma vitória, mas, mais do que tudo, uma exibição que sustentasse a esperança que corre no sangue do adepto, que pode ser exigente e pouco tolerante, mas que tem no seu íntimo a inabalada crença no título.
Cantaram várias vezes essa vontade. «Eu quero o Porto campeão» foi um cântico ouvido e um sentimento que não esmorece. As razões para isso não podem estar todas neste encontro com o Moreirense, já que isso é curto. Todavia, aqui poderá estar uma inversão e um embalo para a segunda volta.
Primeiro, é importante perceber que armas existem. Nuno, não tendo Brahimi, voltou a desenhar a equipa num 4x3x3 desmontável (muitas vezes em 3x4x3 a construir), com Jota a descair para a esquerda, Corona para a direita e ambos com ações da linha para o meio, proporcionando a natural subida dos laterais.
Por pouco tempo, já que os portistas voltaram a acelerar e a equipa de Augusto Inácio se tornou bastante ansiosa com a única missão de tirar bolas da área... para ninguém. Uma, duas, três ocasiões por parte dos portistas, que alcançaram com lógica e justiça o golo, por Óliver, depois de mais uma bola parada muito bem cobrada por Alex Telles (até um golo olímpico ia conseguindo num canto direto).
Era notória a urgência do intervalo para o Moreirense. Faltava quem serenasse o jogo e, se Francisco Geraldes era o jogador mais indicado para isso, a expulsão do médio português, logo depois do 2x0 feito por André Silva, terminou com todas as esperanças.
O jogo estava arrumado. Faltava perceber qual a tonalidade que os portistas se atreveriam a colocar no marcador. Era, mais do que tudo, um excelente pretexto para a vingança de tantos golos desperdiçados.
Mesmo assim, deu para mais um golo na sequência de bola parada (Marcano forte nos ares) e para pormenores que agradaram aos adeptos, como o lançamento de Kelvin em jogo. E o encurtar de distâncias para o primeiro lugar, claro.