O antigo vice-presidente do FC Porto, em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, analisou a realidade económica e financeira do futebol português, alertando para a necessidade de se elaborarem planos que criem sustentabilidade.
«Quanto mais tarde o fizermos, mais tarde será, mas há que repensar o modelo do futebol português. Até há pouco tempo, havia o trading, que assentava na aquisição dos direitos económicos dos jogadores, a sua valorização e depois a venda desses direitos. Isso teve boas repercussões para o futebol português, conseguimos a proeza de ocupar bons lugares nos rankings. Mas esse modelo está esgotado», explicou, enaltecendo depois a importância da formação.
«Tudo passa pela estratégia desportiva, que tem depois impacto na sustentabilidade económica e financeira que se quer para o futebol. Há que ajustar os custos, que é claramente superior às possibilidades. Para além do modelo de trading que se fazia, é preciso acrescentar outras valências, como a formação, para se conseguir esse equilíbrio», disse.
Numa entrevista onde considerou os contratos televisivos «bons», mas que «podiam ter sido melhores» com a centralização dos direitos televisivos, que maximizaria o negócio, o ex-dirigente portista detalhou a sua visão sobre os três grandes.
«Neste momento, a nível dos três grandes, claramente o Benfica é aquele clube que, pelas declarações dos seus dirigentes, demonstram uma certa preocupação em ajustar essa estratégia. O problema português é um problema de dívida, pois tem que ser paga e os credores estão a exigi-la. Apesar de ser dos clubes europeus com maior dívida, a dívida do ativo baixou e há indicadores que mostram maior eficiência nessa estratégia do clube. (...) O Sporting tem a situação que é conhecida, teve uma reestruturação da dívida, mas nos últimos dois anos entrou num caminho perigoso, perante a extrema necessidade de ganhar. O orçamento cresceu dos 25 para os 120 milhões, salvo erro, o que diz bem desse aspeto. O FC Porto também está numa situação que poderá requerer um plano de recuperação», analisou.