TheBlankSpace 26-04-2024, 19:36
Após um «ano para esquecer» no St. Lawrence Spurs, de Malta, no qual teve a oportunidade de «ver o lado mau do futebol», Hugo Seco depressa regressou a Portugal para dar início a uma caminhada bonita no futebol português. O atacante ajudou o Benfica e Castelo Branco a garantir o passaporte de subida da antiga 3.ª divisão para a 2.ª divisão B, passou pelo Fátima, voltou a Castelo Branco até que surgiu o convite para representar o clube do seu coração: a Académica de Coimbra. Dois anos na cidade dos estudantes e voou para a Bulgária.
«A adaptação não tem sido fácil, principalmente por estar sozinho e pelo frio, mas tem sido positivo. Felizmente tenho jogado sempre e estamos a superar as expectativas para já. O futebol aqui é mais físico e em termos de cultura é um povo mais frio. Temos de saber conquistá-los. E andar na rua é um perigo, não se respeitam as regras na estrada. Só carros a passar vermelhos e a ultrapassarem traços contínuos», introduz Hugo Seco, que contabiliza dois golos e cinco assistências em 17 jogos no campeonato búlgaro, em entrevista ao zerozero.«Neste momento o clube está a fazer obras no estádio, a melhorar as bancadas, relvado e balneários, porque o estádio é um pouco antigo. Tem um campo de treinos com boas condições, mas só treinamos lá quando a relva do estádio está em más condições», completa.
Ser o único português e um dos poucos estrangeiros num plantel composto maioritariamente por búlgaros acarreta «mais responsabilidades», sobretudo para criar empatia com os adeptos do Cherno More. Passo a passo, fruto também das exibições consistentes, Hugo Seco tem conquistado o coração dos adeptos, mas garante que ainda há mais para mostrar até ao final do campeonato.
«Penso que os adeptos estão satisfeitos com o meu desempenho, pelo menos sempre que me abordam é para dizer algo de positivo, mas sei que posso dar mais. A língua é um problema, mas aqui comunico em inglês. Nem toda a gente fala inglês e isso, por vezes, é um grande problema», defende o extremo natural da Lousã.
«Objetivos para a época? O objetivo traçado é o sexto lugar e para já estamos dentro do objetivo. Na Taça eliminámos o Levski, estamos nos quartos-de-final e ambicionamos chegar o mais longe possível na competição», sustenta.
Quem não sonha chegar à Liga? Esse era um dos desejos de Hugo Seco quando regressou a Portugal, em 2011, após a primeira experiência no estrangeiro. Recorde-se que o atacante começou na 3.ª divisão e em apenas três anos chegou ao principal escalão do futebol português. E logo no clube onde cumpriu grande parte da sua formação. Um sonho.
«Sempre acreditei que iria chegar à Liga, mas nunca pensei que pudesse ser na Académica. Foi juntar o útil ao agradável. Foram dois anos positivos, mas acredito que poderia ter mostrado mais, se em alguns momentos houvesse continuidade no onze titular. Mas o futebol é assim. Acompanho sempre que posso o campeonato português. Não perco um jogo daqueles que têm transmissão televisiva, principalmente da minha Briosa. Nunca vi tantos jogos na vida [risos]», recorda Hugo Seco que saiu da cidade dos estudantes depois de terminar contrato com o clube que acabou por descer à Ledman LigaPro.«É o meu clube de criança e depois de jogar lá é impossível não ficar a gostar ainda mais do clube. Descida da Académica? Era algo que não passava pela cabeça de ninguém, custou muito a digerir essa descida. É um clube que faz falta à Liga, pela sua grandeza e pela massa adepta. Estarei sempre a torcer por eles e espero que consigam subir de divisão. Além daquilo que o clube significa para mim, tenho lá amigos que merecem estar a jogar na Liga», remata Hugo Seco.
Três jogos. Pouco mais de duas semanas. A pausa de inverno está aí à porta e com ela chega o regresso a Portugal para matar as saudades e ganhar forças para o resto do campeonato. Cinco meses longe de tudo e todos não é fácil, mas Hugo Seco já entrou em contagem decrescente.
«Para além das saudades dos amigos, família e namorada, sem dúvida, sinto saudades de ir jantar fora e ir ao cinema, rotina que mantinha aí [em Portugal] depois dos jogos. Aqui, depois dos jogos, gosto de ficar por casa a ver um filme e a descansar. Nas folgas aproveito para ir a piscina ou ao ginásio fazer recuperação ativa», completa.
«Futuro? Neste momento, estou focado em continuar a fazer uma boa época, e depois logo se verá o que o futuro me reserva», sentencia.