Oito dias. Três jogos. Três empates. Zero golos marcados e zero sofridos. Este é o saldo da equipa do FC Porto. Após um empate a meio da semana em Copenhaga, em encontro europeu, os azuis e brancos voltaram a comprometer, somando novo empate, desta feita no Campeonato português. Mais um passo em falso da equipa de Nuno Espírito Santo que deixa o caminho aberto para o Benfica ampliar a vantagem na liderança. Mérito para a equipa do Restelo.
Boa entrada das duas equipas numa noite gelada e chuvosa no Estádio do Restelo. O FC Porto entrou a comandar a partida, sem dar grande margem de manobra aos homens da casa. Os azuis e brancos circulavam a bola a um bom ritmo entre os setores, mas mérito também para a equipa do Belenenses que soube estancar o caminho para a baliza de Joel Pereira no primeiro tempo.
O FC Porto teve oportunidade soberana de se adiantar no marcador, mas Óliver na cara de Joel Pereira, a passe soberbo de Corona, preferiu dar para o lado invés de finalizar. Má decisão do centrocampista espanhol com o lance a ser travado in extremis pela defensiva belenense. Com o avançar do placard, o FC Porto foi perdendo intensidade e clarividência. Zero remates à baliza do Belenenses dizem muita coisa...
O frio adensava-se mas dentro das quatro linhas a temperatura aumentava. Felipe e Camará protagonizaram momento de tensão, com o central brasileiro a cair desamparado no chão, a queixar-se, alegadamente, de uma cabeçada do avançado luso-guineense. Manuel Oliveira optou por exibir a cartolina amarela aos dois jogadores. Por esta altura, jogava-se mais com o coração e menos com a razão.
Nuno queria mais poder de fogo na frente e lançou Laurent Depoitre para o lugar do apagado Diogo Jota. Tiro no pé. O avançado belga, num estilo algo trapalhão, protagonizou momento caricato que levou os adeptos portistas a protagonizarem monumental assobiadela. Tudo porque Depoitre seguia isolado e rematou na... atmosfera.
O relógio não parava de avançar e a sentença estava cada vez mais perto. O nervosismo levou a algumas decisões mais precipitadas por parte dos homens de Espírito Santo, que pressionavam alto mas sem criarem grande perigo. O Belenenses, muito bem organizado, diga-se, lá conseguiu adaptar o seu jogo ao momento do FC Porto e também soube criar algumas oportunidades. Camará esteve perto aos 85 e André Silva respondeu aos 89. Mas em vão...
Mas como oportunidade, palavra tantas vezes aqui utilizada neste texto, não é sinónimo de golo, o jogo acabou como começou: zero a zero.
Muito difícil o trabalho de Manuel Oliveira. Esteve sob fogo, sobretudo dos adeptos portistas, em alguns momentos por algumas decisões de análise complicada. Aos 40 minutos livrou Abel Camará da expulsão depois do avançado luso-guineense ter encostado a cabeça ao central brasileiro Felipe. Optou sempre por um critério mais largo, que lhe valeu muitos assobios.