Foi com responsabilidade, um susto e apesar de tudo naturalidade que Portugal se despediu do dourado ano de 2016. No Estádio do Algarve, a seleção nacional soube interpretar a importância de mais um compromisso rumo ao Mundial da Rússia e mesmo sem grande brilho exibicional venceu a Letónia por 4x1. Com mais três pontos, Portugal mantém-se na perseguição à Suíça, líder do Grupo B.
Muita e boa circulação, assim entrou Portugal. Com André Gomes a assumir a batuta de maestro e os laterais – Cancelo e Guerreiro – virados para o ataque, a seleção portuguesa mostrou bem cedo que não estava para surpresas desagradáveis nem para ações precipitadas e ansiosas.
Em detrimento de uma elevada nota artística, os campeões da Europa privilegiaram a segurança de processos à espera do momento para materializar a superioridade natural. Aconteceu aos 27 minutos, quando Nani – que foi crescendo – tabelou com Ronaldo e acabou «varrido» por Maksimenko dentro da área da Letónia. Ronaldo assumiu e converteu o castigo máximo.
Com o conforto da vantagem, Portugal passou a jogar com tempero no seu futebol. Baixou o ritmo, tirou o «pé do acelerador» e até permitiu à Letónia acercar-se da baliza de Rui Patrício numa ou noutra ocasião, sem que o guardião português se visse em real perigo. Mas até ao intervalo foi assim, sem pedras nem brilharetes pelo caminho.
Cenário que se alterou na segunda parte. Voltou a equipa mais intensa, agora com João Mário, André Silva e sempre Nani a aumentarem as rotações. Os letões encolheram novamente e o segundo golo de Portugal batia à porta; e podia ter entrado aos 59 minutos, novamente da marca dos 11 metros. João Mário fez a tabela com André Gomes que foi derrubado por Kluskins, mas Ronaldo mostrou menor eficácia e acertou no poste.
Na crença de que mesmo sem carregar as coisas se encaminhariam nasceu o susto da noite para Portugal. Sem nota nem aviso, a Letónia chegou-se à frente ao empatou, aos 67 minutos. Uma bola a «pingar» e um remate fulminante de Artur Zjuzins e estava feito. Do silêncio de uma exibição invisível, os letões tinham logrado a surpresa.
Um momento decisivo que afastou qualquer possibilidade de uma noite amarga no Algarve. Portugal continuou sem brilhar mas com Quaresma e Ronaldo em campo as hipóteses de golo são sempre elevadas; e assim foi, aos 85 minutos. Novo cruzamento do extremo do Besiktas, lance mal abordado pelo central da Letónia e Ronaldo, acrobático, finalizou para o 3x1.
Não era, no entanto, o ponto final. Já em período de compensação, Bruno Alves fez o quarto golo de Portugal, selando uma vitória que se expressou nos números mas que passou por um breve momento de calafrio. Está feito, venha 2017.