Havia ingredientes para uma noite sem sobressaltos, mas o FC Porto abusou da superioridade natural e deixou que o FC Copenhaga explorasse as armas que tinha. Uma primeira parte com tendência para a tranquilidade mas pouco determinada trouxe o castigo na segunda. Os dragões empataram (1x1) na 1ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, mesmo tendo jogado meia hora em superioridade numérica. Um passo em falso, não há como disfarçá-lo.
Apesar da boa experiência com os dois homens de área, Nuno Espírito Santo voltou às origens e apostou novamente no 4x3x3 que mais aprecia. Laurent Depoitre e André André foram os sacrificados para os regressos de Jesus Corona e Héctor Herrera. Curiosamente, duas das unidades menos produtivas ( e foram os primeiros a sair). Aliás, o médio – e capitão – continua a ver os níveis de popularidade junto da plateia portista cair a pique.
Em contraponto, Otávio ganha dimensão e projeção nesta distribuição. Foi o brasileiro quem mais agitou o jogo azul e branco; foi dele o golo que deu vantagem ao FC Porto, aos 13 minutos. Recuperação adiantada da bola, tabela com André Silva e um «míssil» indefensável para Robin Olsen. Os dragões chegaram à vantagem no primeiro remate e durante muito tempo souberam viver com essa superioridade minimalista.
Escrevemos após o triunfo do FC Porto sobre o Vitória de Guimarães que Depoitre foi o «íman» que libertou André Silva para as suas movimentações laterais. Pois bem, o avançado português manteve o seu ADN esta noite, só que faltou-lhe o companheiro de ataque. Só com André, o FC Porto perde presença na área. Exemplo: o minuto 40. Corona cruza rasteiro para o coração da área, mas André estava deslocado e o espaço do «matador» vazio.
Por isso não espanta que para lá do golo o FC Porto não tenha sido capaz de criar qualquer perigo junto à baliza do FC Copenhaga. E os nórdicos, senhores de estatura respeitável e nada toscos foram deixando alguns avisos. Depois do 1x0 pegaram mais no jogo, trocaram bola – ainda que a um ritmo lento – e foram assustando Casillas (14' Cornelius ficou a centímetros do golo).
Não poderá ter surpreendido de sobremaneira o que aconteceu aos 52 minutos. O FC Porto deixou que a entrada na segunda parte fosse terreno dominado pelo FC Copenhaga e pagou por isso. Casillas andou «aos papéis» na pequena área e o «gigante» Andreas Cornelius não perdoou. Empate no Dragão, gelado ao estilo nórdico.
Era preciso mexer. E Nuno mexeu. Depoitre foi a primeira escolha – lógica, diga-se – e Brahimi a seguinte. O argelino, riscado até ao fecho da janela de transferências, carregou o peso de mais de 34 mil portistas que o presentearam com uma ovação de fazer tremer o estádio. Mas não houve conto de fadas, porque o futebol também é ciência e Brahimi ainda está fora da fórmula deste FC Porto.
E que o dragão tenha pecado no assalto pós-golo dinamarquês acresce de preocupação porque Gregús foi expulso aos 66 minutos. Com descontos, o FC Porto jogou quase meia-hora em superioridade e foi nulo; ou quase, pelo menos.