Vic-54 26-04-2024, 08:15
«Veni, vidi, vici» é uma célebre expressão atribuída ao Imperador romano Júlio César, que, em português, traduzimos para: chegar, ver e vencer. Este parece ser também o lema de João Amaral, extremo contratado pelo Vitória de Setúbal ao Pedras Rubras, do Campeonato de Portugal, e que tem sido um dos principais destaques dos sadinos neste início de temporada.
Chegou tímido ao Bonfim e começou como suplente não utilizado na primeira jornada da Liga NOS 2016/17, diante do Belenenses. João Amaral estreou-se (e logo a titular!) no palco do tricampeão nacional Benfica, no encontro da segunda ronda. Couceiro disse-lhe para «ficar tranquilo» e «mostrar tudo aquilo que sabe». Resultado? Uma exibição consistente e prometedora com a equipa a roubar pontos no Estádio da Luz.
O treinador do Vitória repetiu a aposta, na receção ao Arouca, e Amaral não deixou os créditos por mãos alheias: um golo, muita emoção, mas os pés bem assentes no chão.
«É um sonho concretizado. Foram muitas emoções, mas também quem tem estado comigo aqui, mesmo em casa, tem conseguido ajudar-me a gerir essas emoções. Ajudam-me a que fique calmo, a pensar que isto ainda não é nada. E a verdade é que não é. Tenho de continuar a trabalhar. Não conquistei nada», garante João Amaral.
O trajeto de Amaral não é caso muito comum no mundo do desporto. Atingir o patamar mais alto do futebol português aos 24 anos, procedente do terceiro escalão, e com a particularidade de ser português, critério tantas vezes esquecido pelos clubes nacionais, é prova de que os sonhos não têm prazo de validade. E o Vitória tem ajudado a concretizar muitos.
Aos 24 anos, João Amaral marcou o seu 1.º golo na Liga Portuguesa. Nas 4 últimas épocas jogava no 3.º escalão do futebol português. #liganos
— playmakerstats (@playmaker_PT) 29 de agosto de 2016
«Sempre acreditei que podia chegar aqui [à Liga]. Trabalhei sempre nos limites para atingir este sonho. Talvez muitos pensavam que seria tarde. E, se calhar, pode ter sido tarde. Tenho pena de que não tivesse sido mais cedo. Mas nunca é tarde e para concretizar um sonho. É preciso trabalhar sempre e nunca desistir. Penso que foi mérito, não só meu, mas da minha família, da minha namorada», defende o jogador natural de Vila Nova de Gaia.
«O Vitória tem apostado em jogadores jovens e de nacionalidade portuguesa. Casos de Ruca, Tiba, Costinha... Não há duvidas de que há muita qualidade nas divisões inferiores. Tive companheiros de equipa que têm qualidade para estar num patamar acima, mas infelizmente o futebol é assim. A sorte não sorri a todos», sustenta.
Discurso ponderado, sem entrar em euforias. As palavras são fortes na hora de recordar o caminho percorrido até ao dia de hoje. A vida nem sempre foi fácil para o extremo. Com 17 anos, ainda adolescente, deixou de estudar para trabalhar durante um ano... E porquê? Necessidade de ajudar a família. Agora chegou a recompensa.
«Graças a Deus o Vitória deu-me a oportunidade de hoje estar na Liga», admite.
É o sonho de qualquer jogador, talvez o ponto mais alto da carreira de um atleta de alta competição: chegar à Seleção Nacional. E João Amaral não deixa de sonhar: «O maior sonho seria jogar pela Seleção Nacional. Representar o meu país era o maior orgulho». Mas, primeiramente, trabalhar ao máximo para ajudar a cumprir todos os objetivos traçados no Bonfim.
E como tem vivido João Amaral com a exposição mediática, consequência do excelente arranque de temporada, tanto a nível individual como coletivo? Novamente, com os «pés bem assentes no chão».
«Isto é bom mas ainda não é tudo. Ainda posso dar mais. Isso é que é importante», reconhece.