Há histórias que o adepto não vê, não ouve nem sente. Histórias que acabam por deixar uma marca indelével nas páginas de um jogo e de uma competição.
Recuemos à noite de 28 de maio de 2003...
Old Trafford, Manchester. O «Teatro dos Sonhos» está repleto de italianos. AC Milan x Juventus. É a final da Liga dos Campeões. Do lado rossonero, um dos maiores de sempre do futebol português: Rui Costa.
Enquanto o mundo aguarda pela entrada em campo das equipas e pelo apito do alemão Markus Merk, Al Pacino - sim, ele - invade as catacumbas de Old Trafford minutos antes da grande final.
Carlo Ancelotti, então treinador do AC Milan, dispensa o seu discurso antes do jogo. Rui Costa e companhia estão sentados, calados, à espera das últimas indicações. Mas o treinador italiano nem abre a boca. Aproxima-se do televisor e do leitor de DVD e deixa que seja Al Pacino a falar.
«Há uma cena em que o personagem de Al Pacino no filme Any Given Sunday faz um discurso aos seus jogadores no balneário; e foi precisamente esse excerto que eu mostrei aos meus jogadores. Foi antes da final da Liga dos Campeões de 2003. Para mim e para eles foi um momento carregado de emoção», contou Ancelotti, esta segunda-feira, em entrevista ao Die Welt.
A discussão sobre a influência deste momento será sempre subjetiva; e o jogo até ficou 0x0 ao fim de 120 minutos. Mas o AC Milan foi mesmo campeão europeu (3x2 nas grandes penalidades).