Foi em forma de rebuliço que Portugal conseguiu passar o grupo F. Com um jogo bom na vertente ofensiva, mau no parâmetro defensivo e tremido na construção, a seleção nacional voltou a ter Ronaldo para salvar a comitiva de um desfecho que seria vergonhoso. Foi um pouco melhor, mas três empates em três jogos contra estes adversários não são um bom cartão de visita. Valeu o golo da Islândia, nos descontos, a deixar Portugal no terceiro lugar, o que se poderá considerar teoricamente melhor do que o segundo posto.
Tão trapalhões...
Duas novidades
Tal como do primeiro para o segundo, também agora para o terceiro Fernando Santos mudou duas peças: Eliseu e João Mário para os lugares de Guerreiro e Quaresma.
Definitivamente, tranquilidade era coisa que não existia no seio da equipa para enfrentar a Hungria. Ou, se existia, ficou no balneário. Portugal até entrou com mais bola, instalado no meio-campo contrário, mas a precipitação era tanta...
João Moutinho, que tinha crescido no último jogo, voltou a estar descoordenado. João Mário não é, para já, o jogador que se tem visto no Sporting. A posição até é a mesma, só que, talvez por causa do camisola 8, o contágio notou-se.
Os três golos húngaros foram de fora da área ©Getty / Julian Finney
Pior ficaram as coisas depois do golo de Gera. A Hungria nem tinha feito grande coisa até então, só que a serenidade era outra. E, perante a ansiedade que se apoderou dos jogadores lusos, quase que o segundo golo aparecia, para derrotar definitivamente a moral portuguesa.
Um pouco sem se dar por isso, Ronaldo saiu da zona de tiro e fez outra das coisas que tão bem o caracterizam: encontrou o timing certo para servir Nani, que levou o jogo empatado para o intervalo. Com a vitória da Islândia, a igualdade era sinónimo de terceiro lugar.
Haja coração!
A segunda parte foi imprópria para quem não tem as pulsações bem ritmadas. Fernando Santos trouxe Renato Sanches do balneário, só que, quando chegou ao banco, Portugal já estava outra vez a perder, num livre feliz de Dzsudzsák.
Variações táticas
Fernando Santos começou por lançar Quaresma para alongar a frente de ataque e atuar em 4x3x3. Com o passar do tempo, e a manter-se a igualdade, Danilo foi chamado a jogo para o lugar de Nani e a postura foi mais contida.
Ele que voltaria a marcar, já depois de Ronaldo ter aparecido para fazer, de forma requintada, o empate. A sorte húngara parecia infinita, com o novo desvio que deu o 3x2, mas Ronaldo estava lá, onde costuma estar ao terceiro jogo (Euro 2012, lembram-se?), para novo golo e novo empate. Um crescimento ofensivo que foi muito proporcionado pelas mudanças vindas do banco e pelo crescimento de João Mário no segundo tempo (que diferença).
A Islândia já tinha visto a Áustria empatar e Portugal era segundo classificado, num cenário de total matemática que amarrou todos os cenários. Um golo colocava Portugal em primeiro lugar, um golo sofrido tirava a seleção do Europeu, um golo no outro jogo deixava Portugal no terceiro lugar.
Ronaldo marcou dois ©Getty / Clive Brunskill
Era demasiada informação e demasiada tensão no jogo. Não havia forma de se estar sentado. A Hungria gostava do empate, Portugal tentava chegar mais perto, mas com muito mais prudências. Os descontos tiveram mesmo momentos vergonhosos, com jogadores a trocar a bola sem qualquer tipo de pressões.
Deu para passar, mas com três empates. Muito pouco para um grupo como este. O terceiro posto viria nos descontos da outra partida. A Croácia vem aí.