Um Porto de equívocos. A época azul e branca teve o seu epílogo este domingo em pleno Jamor. Do sonho de um recomeço nasceu o pesadelo final. Sem títulos; assim termina mais uma temporada no Dragão. E o Braga? Reconciliou-se com o Jamor um ano depois, apesar de ter voltado a permitir uma recuperação de dois golos. A felicidade chegou nos penáltis, onde Marafona travou o sonho portista e segurou o do Braga.
A verdade é que o minuto 12 foi o primeiro de dois momentos de auto sabotagem. Depois de uma entrada interessante, com atitude dominadora, o Porto meteu-se em sarilhos por culpa própria. Aquela falha – grave – de comunicação entre Helton e Chidozie foi o rastilho para o caos que a equipa não precisava. O que estava estável passou a tremer que nem varas verdes; uma ventania que abanava toda a estrutura defensiva.
É verdade que os minhotos raramente conseguiram ser ameaças reais para Helton, mas depois do 1x0 uma simples arrancada – e Rafa fez algumas – era suficiente para deixar a defesa portista em estado de sítio. Como ao minuto 20, quando Marcano abordou a bola de forma deficiente e permitiu que Hassan ensaiasse o remate. O Porto rodava muita bola, mas sem ideias e de forma previsível; o Braga preocupou-se, antes de mais, em resguardar Marafona.
Chidozie pagou a fatura pelo mea culpa no golo bracarense e pela tremedeira defensiva. Ficou no balneário ao intervalo para dar lugar a Rúben Neves e Danilo recuou para o eixo da defesa. Mas José Peseiro esqueceu-se que havia um segundo sabotador: Marcano. A segunda parte tinha começado como a primeira, com o Porto a carregar (Herrera ficou a centímetros do golo), até que novo erro colossal entregou o segundo aos minhotos.
Só que quando a promessa era de uma quebra total do Porto, a equipa reagiu, também porque Rúben Neves e André André (entrou aos 74') deram alma extra ao dragão. Três minutos depois do 2x0, André Silva apareceu no sítio certo para aproveitar uma defesa incompleta de Marafona após remate de Brahimi. Não houve tempo para carpir as mágoas do segundo golpe, enquanto no Braga se temia o remake do filme do ano passado.
E eis que ao minuto 91, o remake aconteceu. André Silva, de bicicleta, no meio do desespero portista, virou a história de todo um jogo de pantanas. O menino - cada vez mais um caso sério - «limpou» as asneiras dos colegas e deu uma segunda vida ao Porto. Naquele minuto 91, tudo começava do zero; ou quase.
Sem surpresa, o reviver do pesadelo do ano passado pesou na equipa do Braga. O prolongamento foi um suplício físico e mental para os homens de Paulo Fonseca. O Porto dominou a meia hora extra e podia ter evitado o nervosismo das grandes penalidades. André Silva, sempre ele, teve duas excelentes bolas de golo nos pés, mas o hattrick não estava nas estrelas. E depois vieram os penáltis.
E aí, Marafona foi herói. O guarda-redes do Braga teve nervos de aço e defendeu os penáltis de Herrera e Maxi Pereira. E enquanto os portistas iam falhando, do lado bracarense nem um. Pedro Santos, Stoijlikovic, Hassan e Goiano, este com o remate decisivo para o 4x2, selaram a conquista da Taça de Portugal para o Braga de Paulo Fonseca.