Parece tirado de um conto de fadas. Parece, em linguagem mais recente, uma simulação de Football Manager. Mas é bem mais do que isso e é real. A equipa de Claudio Ranieri, aquela que se salvou da descida na época passada de forma milagrosa, aquela que era apontada como das que lutariam pela manutenção, conseguiu tudo aquilo que ninguém contava.
Foram muitas as histórias que se foram contando ao longo da temporada sobre este Leicester City. Desde Vardy, o goleador que veio da fábrica, a Mahrez, o magrinho que ninguém queria, passando pela semana de férias depois da derrota contra o Arsenal...
Leicester City é campeão inglês pela 1.ª vez em 132 anos de história! pic.twitter.com/VXhh1BQX6T
— playmakerstats (@playmaker_PT) 2 de maio de 2016
Enfim, dará um livro, pelo menos. E pode acabar esta segunda-feira, com o capítulo em que Ranieri vai a Itália lanchar com a mãe e só sabe do resultado do Tottenham muito depois do jogo, pois está na viagem de regresso (a esta hora, talvez ainda não saiba que é campeão). Isto já para não falar dos jogadores, que foram todos para casa de Vardy assistir ao desafio de Stamford Bridge.
Talvez fizesse mais sentido ser campeão em campo. Normalmente, é mais bonito. Contudo, nada apaga ou minimiza o fantástico trajeto dos foxes, capazes de desafiar a lógica naquela que é, talvez, a mais competitiva liga do Mundo.
Histórias destas não há muitas. Há bem poucas. Nós encontrámos nove e não existirão muitas mais. Por isso, não é de estranhar que se utilizem adjetivos pouco usuais para nos referirmos ao Leicester.
A jornada 13 marcou não o azar, mas a sorte e a astúcia para uma chegada à liderança, que se perdeu logo depois, com o empate frente ao Manchester United, mas que não tardou a ser recuperada.
Ao todo, e sabendo que ficará no primeiro posto até ao final da temporada, foram 21 das 38 jornadas. No início, pensou-se que era circunstancial...
Num percurso fantástico, o Leicester só três vezes caiu neste campeonato e há um nome em duplicado. O Arsenal, de Arsène Wenger, triunfou por 2x5 na casa do vizinho e 2x1 no seu reduto - o outro emblema a triunfar foi o Liverpool.
Aliás, os gunners foram das poucas equipas a interromperem o conjunto de Ranieri no topo da classificação. Nada que fosse suficiente para contrariar esta história impensável - a quem o Tottenham já deu os parabéns, numa postura bem distinta do que é habitual pela generalidade do mundo futebolístico.
Para o ano, há mais. Haverá Leicester pela primeira vez na Liga dos Campeões e todos os poderosos de terras de Sua Majestade a olharem para um trono que tem um rei diferente, mas repleto de mérito.