As três dezenas de pontos que separavam o Benfica do Boavista na tabela classificativa, à entrada da ronda 27, não foram notórios no Estádio do Bessa. Na luta por objetivos diferentes – os encarnados pelo título e os axadrezados pela permanência –, as duas formações procuraram todos os caminhos possíveis para vencerem, mas tudo parecia indicar que fossem dividir os pontos. Mas não. Jonas (quem mais?), praticamente no último lance do jogo, bateu Mika, garantiu a vitória e manteve o Benfica na liderança.
Se houvesse justiça no futebol (conceito tão abstrato no desporto rei), o empate seria sem dúvida o resultado mais justo. O Benfica sentiu enormes dificuldades para garantir o triunfo e foi no último suspiro que o conseguiu, deitando por terra todo o fantástico esforço dos jogadores do Boavista, que até beneficiaram de mais oportunidades para marcar na segunda parte. Todavia, ganha quem marca e, por isso, mérito total para os bicampeões nacionais.
Antes da análise ao jogo, uma nota prévia. Que excelente espetáculo nas bancadas, tanto dos adeptos do Boavista como do Benfica. Fossem todos os jogos da Liga Portuguesa como este e o futebol português seria de outra forma pelos próprios portugueses e também no exterior. Dentro das quatro linhas só houve um golo, é verdade, mas houve um duelo bem interessante que manteve todos os que assistiram de olho pregado desde o apito inicial ao final.
Desde o princípio que se percebeu que o Benfica ia sentir muitas dificuldades no Bessa. O Boavista mostrou ter a lição bem estudada e desde logo procurou reduzir o espaço de ação dos jogadores das águias. Orfãs da qualidade de Nico Gaitán e da capacidade concretizadora de Mitroglou, as águias nunca conseguiram suprir estas ausências. Um pouco por culpa de Salvio e Raúl Jiménez, jogadores escolhidos por Rui Vitória para suceder aos dois anteriormente referidos, mas essencialmente por mérito dos defesas do Boavista, especialmente Afonso Figueiredo e Paulo Vinícius.
Nenhuma das equipas conseguiu ter um domínio claro no jogo, mas as primeiras duas oportunidades foram do Benfica. Na primeira, Raúl Jiménez viu Mika negar-lhe o golo após um remate acrobático, na segunda foi Pizzi quem atirou a centímetros do poste da baliza do Boavista. Entre muitas faltas e um jogo bastante físico, o Boavista procurou reagir à maior posse de bola do adversário através do contra-ataque e chegou a assustar Ederson, guarda-redes que teve que sair da área para impedir o golo aos axadrezados.
A primeira parte resumiu-se ao que foi contado. O segundo tempo manteve a mesma toada, mas com uma diferença: com mais oportunidades junto das balizas. O Benfica iniciou a etapa complementar com a intenção de jogar mais perto da área do Boavista e tentou ter o domínio da partida.
No entanto, essa intenção não passou disso mesmo. Os axadrezados não recuaram no terreno, mantiveram-se organizados defensivamente e recorreram ao contra-ataque para mostrarem que queriam algo mais do jogo do que apenas o empate. A verdade é que fazendo o somatório, até ao golo do Benfica, o Boavista beneficiou de quatro situações interessantes para faturar: duas de Rúben Ribeiro, uma de Renato Santos e outra de Luisinho.
As panteras, apesar do critério que sempre tiveram no jogo, foram penalizadas pela falta de eficácia. Isso fez toda a diferença porque Jonas foi de uma frieza enorme na única situação em que conseguiu atirar à baliza. Foi já no período de compensação, e quando tudo indicava que ia dar empate, que o recém-chamado à seleção brasileira fez a diferença. Chama-se estrela de campeão?