A excelente capacidade de Cristiano Ronaldo em lidar com as adversidades. A necessidade em aperfeiçoar-se dia após dia. As dúvidas de Boloni e a breve passagem pela equipa B.
O trajeto de Ronaldo na formação do Sporting foi ascendente e não há ninguém que não o recorde. Mesmo que o contacto direto tenha sido curto. Luís Gonçalves, na época treinador adjunto da equipa B dos leões, ficou impressionado quando Ronaldo chegou à equipa.
«Trabalhei diretamente com ele na equipa B. Fiquei impressionado pela forma como realizava alguns dos exercícios de treino. A frequência e a intensidade como os fazia. Isso demonstrava trabalho anteriormente realizado e a sua potente capacidade física», começou por referir em entrevista ao zerozero.pt.
Para além do talento natural e da habilidade do jogador, Luís Gonçalves salientou outras caracteristicas essenciais de Ronaldo que permitiram que se tornasse o melhor jogador do mundo.
«Como se costuma dizer, ele era um workaholic. Desde sempre se mostrou um jogador interessado em trabalhar e aperfeiçoar-se. Era um perfecionista e irreverente. Para além disso, tinha uma excelente capacidade de lidar com a adversidade e isso é uma chave para o sucesso.»
Laszlo Boloni lançou Cristiano Ronaldo, a qualidade do jogador vinha a ser notória noutros escalões e o técnico acabaria por questioná-la.
«Quando o Cristiano Ronaldo tinha 16 ou 17 anos, numa reunião de treinadores, o mister Boloni estava a questionar as capacidades dele. O Professor Jean Paul disse-lhe: "Escreve aí que, atualmente, este jovem se não é o número um a nível mundial da idade dele, anda lá perto". As pessoas que trabalhavam com ele na formação tinham a convicção que se o Ronaldo não era o melhor, faltava pouco», contou.
Dessa forma, o caminho trilhado pelo jovem madeirense não foi uma surpresa para a formação leonina. A certeza que Cristiano Ronaldo viria a estar no topo era partilhada por todos que o treinaram e viram crescer.
«Não é um surpresa. Ele demonstrou desde cedo capacidade para ser o melhor. Ele não só atingiu este nível como o mantém durante épocas consecutivas. Nunca tivemos dúvidas que ele iria ser de topo.»
A formação é a base de qualquer jogador e Cristiano Ronaldo não é exceção. O atleta aproveitou todas as oportunidades que lhe surgiram e fez o melhor.
«Quando trabalhamos com jovens, trabalhamos para a excelência. O trabalho desenvolvido com ele foi de qualidade. O Ronaldo seria sempre o Ronaldo passando pelo Sporting ou não, se calhar podia era não ser tão bom», atirou.
Há vários jovens que evidenciam as características do melhor do mundo e têm capacidades para o ser. No entanto, há um pormenor que não deixa maior parte deles seguir o melhor caminho.
«Há bastantes bons jogadores. Às vezes pode faltar a capacidade atlética ou a qualidade técnica, mas isso trabalha-se. Contudo, de todas as dimensões há uma fundamental que o Ronaldo tem: lidar com a adversidade. Dar a volta por cima, trabalhar mais para poder melhorar é fundamental para chegar mais além», revelou.
O jogo de inauguração do Alvalade XXI frente ao Manchester United foi crucial na carreira de Cristiano Ronaldo, onde o jovem deu nas vistas e saltou para Inglaterra.
«Também é preciso ter sorte e saber aproveitar as oportunidades e o Cristiano soube. As coisas correram-lhe bem nessa noite, se não tivessem corrido talvez o percurso pudesse ter sido diferente. Ele já estava num grande clube e foi para outro onde teve a oportunidade de melhorar ainda mais as capacidades, aprender mais coisas, um clube que o projetou a outro nível, a nível mundial. E ele fê-lo da melhor maneira.»