Não se pode dizer que tenha sido da depressão à euforia, mas a mudança do estado de alma no Dragão foi bastante considerável este domingo. Antes do apito inicial, a derrota do Sporting atiçou os dragões, que voltaram a dar uma demonstração de força para chegarem à liderança isolado.
Rúben Neves em risco
O médio portista tinha quatro amarelos e, vendo o quinto, não defrontava o Sporting. Mas saiu com a folha limpa.
Falar da receção do FC Porto à Académica implica, obrigatoriamente, começar o filme pela Choupana, pois foi da Madeira (há umas semanas era um fantasma, agora é uma benesse) que veio uma das principais motivações para o jogo: o Sporting caía e os portistas podiam, pela primeira vez no reinado de Lopetegui, a liderança isolada era uma possibilidade.
A notícia invadiu o estádio. Depois dos festejos dos adeptos, ainda durante o aquecimento da equipa, a lição emocional passou pelo balneário e ficou à vista assim que o jogo começou. Este voltava a ser um FC Porto imponente.
Tudo natural
A injeção foi letal e o dragão, espicaçado, rapidamente encostou às cordas uma ténue Académica, vergada ao poderio dos jogadores adversários e a um estádio que retomou a crença - notou-se até pela forma como o público cantou.
Tudo parecia numa perfeita simbiose e ainda mais assim ficou quando Danilo abriu o ativo, numa bola parada. Uma justiça precoce para uma primeira parte onde se viu Casillas em trabalhos apenas nos últimos cinco minutos. Mais do que atitude, a Académica precisou de dois nomes que não pôde utilizar - os emprestados Gonçalo Paciência e Leandro Silva, que têm estado em crescendo na influência na equipa.
De resto, a equipa azul e branca pouco ou nada teve que temer, até porque, do regresso dos balneários, veio também o golo da tranquilidade. Uma tranquilidade que foi do coletivo ao individual, visto que Aboubakar, depois do golo em Santa Maria da Feira, afastou definitivamente a crise com outra cabeçada.
De calcanhar também
Assobiadela para Lopetegui
Com 3x0 no marcador, aqueciam André Silva e Alberto Bueno. O técnico chamou o espanhol e recebeu a vaia da noite. Uma situação que talvez pudesse ter evitado.
Depois de dois golos de bola parada, ambos com o selo de qualidade de Miguel Layún, os azuis e brancos passaram para a corrida e tiveram no calcanhar de Herrera o momento mais bonito da noite.
Uma noite que só não foi perfeita para a família portista porque o calcanhar de Rabiola encontrou Rui Pedro para o tento (made in Porto) de honra da Académica.