Futebol com talento. Esta é a expressão que a Liga de Clubes, desde que Pedro Proença assumiu a presidência, procura colar ao futebol português, numa clara alusão à qualidade que existe no nosso futebol e que poucas vezes é valorizada. O organismo responsável pelos campeonatos profissionais acredita que o futebol luso é digno de proporcionar bons espetáculos e a receção do Sporting ao Estoril foi claramente exemplo disso, especialmente na primeira parte.
Aos 35 segundos, o Estoril começou por colocar a defesa do Sporting em sentido, num sinal claro dos comandados de Fabiano Soares que estavam em Alvalade para mostrar o bom futebol que anteriormente já haviam exibido nos redutos dos outros dois candidatos ao título, Benfica e FC Porto, apesar das derrotas averbadas nesses jogos. No entanto, o Sporting foi célere na resposta e esta foi a toada dos primeiros 45 minutos. Uma partida de parada e resposta sem momentos «mortos».
De um lado o Sporting. A equipa de Jorge Jesus procurou e conseguiu ter mais posse de bola e desde cedo mostrou ter as movimentações ofensivas bem definidas. No meio, João Mário era o responsável por orquestrar todo o ataque, com os extremos (Gelson Martins e Bryan Ruiz) a procurarem os espaços interiores, os pontas de lança (Slimano e Téo Gutiérrez) a abrirem espaços e os laterais (João Pereira e Jefferson) a subirem muito pelo corredor e a explorarem os cruzamentos para a área.
Do outro lado o Estoril. Apesar de terem menos tempo a bola, os canarinhos sabiam bem ao que iam e desde o primeiro minuto procuraram surpreender o Sporting no contra-ataque. Gerso, através da sua velocidade, foi o homem mais dos visitantes (com duas assistências e dois remates na primeira parte), mas também Dieguinho, Chaparro e Bruno César deram muito que fazer ao setor recuado dos leões.
A partir dos 35 minutos o Sporting conseguiu, finalmente, ter o domínio do jogo e até ao final do primeiro tempo o encontro foi de sentido único, embora não houvesse qualquer alteração no marcador. Ao intervalo o 0x0 mantinha-se e era justo, tendo em conta o bom jogo e as oportunidades desperdiçadas das duas equipas.
Mas a segunda parte foi completamente diferente. Os leões tiveram uma entrada forte e de imediato apoderaram-se do controlo do jogo. O Estoril, ao contrário da primeira parte, não conseguiu responder e como consequência recuou demasiado no terreno, permitindo ao Sporting aproximar-se com perigo da baliza de Kieszek. O golo do Sporting acabou por surgir aos 55 minutos, com Téo Gutiérrez a converter com sucesso uma grande penalidade (a falta de Taira sobre o colombiano é indiscutível, mas o lance é precedido de fora de jogo), mas podia perfeitamente ter surgido em lance de bola corrida, tamanho foi o domínio dos verdes e brancos durante toda a etapa complementar. A exceção e a única vez que os visitantes deram «sinal de vida» no ataque foi num remate perigoso de Bruno César, a três minutos dos 90.