Caro leitor, nas linhas que se seguem vai conhecer um fã de jogos de PlayStation, que nunca teve muito jeito para os estudos e viu na bola de futebol uma bela forma de escapar às pescarias no mar. Nesta entrevista, o zerozero.pt mostra-lhe o lado menos conhecido de um dos centrais da moda na Liga portuguesa. Nélson Monte, 20 anos, falou de tudo. Da seriedade e profissionalismo que empresta ao futebol, às coisas que teve de abdicar para ser jogador. Ah, ao menu da conversa também não faltaram as brincadeiras de Ukra.
Começou no futsal mas cedo o futebol de 11 centrou atenções sobre si. Aos 13 anos, este natural das Caxinas, fez as malas e rumou a Lisboa. Esperava-o um mundo encarnado. Esteve no Benfica durante quatro anos mas depois quis regressar a Vila do Conde. A aposta, diz, foi «certa» e tudo tem corrido «às mil maravilhas».
«Não me posso queixar. Estou bem no Rio Ave. Aos poucos tenho-me afirmado. No ano passado foi a minha primeira época, foi de integração e agora tenho jogado a bem dizer sempre com o mister Pedro Martins».Nascido e criado entre gente «humilde» e que vive «do suor do trabalho», desde cedo Nélson Monte soube que a sua vida não ia ser fácil.
«Nada me caiu do céu. É tudo fruto do meu trabalho. Também tenho tido a ajuda de excelentes profissionais que me têm ensinado muitas coisas». E se não fosse o futebol, era a pesca o seu ganha pão.
«Eu nunca tive muito jeito para os estudos e os meus pais não são ricos. Sei perfeitamente que se não fosse o futebol, era o mar que estava à minha espera. A esta altura era pescador, provavelmente».
Mas na rede deste caxineiro dos sete costados apareceu o futebol como forma de vida. Hoje, é um dos meninos bonitos das Caxinas, terra de gente «unida, que vive do trabalho e que não sabe o que é viver da riqueza». Foi assim que Nélson Monte também aprendeu a viver e a lutar; e é assim que vai continuar, mesmo que a vida lhe reserve a concretização de outros sonhos.
«O segredo? Ora bem, o segredo... o segredo acho que é a união entre todos. Temos um balneário com muitas personalidades diferentes mas todos estamos lá para o mesmo. Somos muito unidos», referiu, salientado três nomes... «Tarantini e André Villas Boas têm ajudado muito e depois há o Ukra».
A verdade é que o mar está de feição para os rioavistas e isso, diz Nélson Monte, também é culpa de Pedro Martins. «Temos um grande treinador. Vamos jogo a jogo e veremos até onde chegamos», explicou-nos o central sereno e tranquilo em campo mas que em miúdo não era bem assim.
«Xiiii, eu era muito traquina, muito rebelde. A emprega de limpeza do Tarantini até lhe chegou a dizer isso [risos].»
Oito jogos, 627 minutos oficiais, regularidade absoluta no Rio Ave. E a seleção? «Gosto de ter os pés no chão e não dar um passo maior que a perna», avisou este admirador confesso de Ricardo Carvalho.
«Desde miúdo gostava dele. É um central moderno e inteligente. Continua a ser um grande central», disse o defesa do Rio Ave, que está ciente da forte concorrência que qualquer jogador jovem tem atualmente. E, por isso, o que deve ter um jogador para triunfar?
A de Nélson Monte chegou e ele agarrou-a. A pescaria no futebol tem sido «boa» mas está longe de ter terminado.
«Sonho chegar à seleção principal mas primeiro tenho de me fixar nos Sub-21. Já fui chamado às seleções e agora tenho por objetivo chegar à seleção de Sub-21. Não posso ser precipitado», esclareceu o jogador de 20 anos que, no último verão, recebeu uma chamada às 4h, desde a Nova Zelândia, a informá-lo de que estava convocado para a seleção portuguesa para disputar o Campeonato do Mundo de Sub-20.
Nélson Monte não mostra tiques de vedeta. É um rapaz como tantos outros. Gosta de ir à praia, estar com a namorada e ver os amigos a jogar futsal.
E PlayStation? «Ah, claro. Também gosto muito [risos]», revelou o defesa, que se considera «um bom jogador» de videojogos, satisfazendo depois a nossa curiosidade. «Se o Nélson Monte joga sempre na minha equipa? Claro, tem que ser. Contrato-o sempre. Para a equipa onde eu for, ele está lá [risos]».