Cada vez mais falado, o futebol feminino tem vindo a ganhar espaço num desporto dominado pelos homens. Para perceber como funciona o mundo da bola para as mulheres, o zerozero.pt foi falar com quem está por dentro do assunto.
À semelhança daquilo que é feito com os rapazes, «são detetadas as necessidades de cada jogadora e da equipa» e a intervenção é feita nesse sentido, explica a coordenadora adjunta do futebol para raparigas da escola de futebol Dragon Force Porto, Andreia Santos. «Temos sim de conseguir caracterizar cada aluno e munirmo-nos de estratégias que possam potenciar o que cada um tem de melhor e minorar as lacunas», continua, justificando que acontece tanto no caso dos rapazes como das raparigas.
Nos treinos, ambos os sexos são orientados da mesma forma, já que «anatomicamente», as partes do corpo usadas para a prática deste desporto são semelhantes nos dois. «Se contemplarmos as capacidades condicionais como a força, a velocidade e a resistência de forma isolada, aí sim, vamos deparar-nos com diferenças», pormenoriza Andreia Santos, ressalvando que, como não é o que trabalham nos treinos, não é um motivo de preocupação ou distinção entre géneros.Ainda assim, rapazes e raparigas têm características diferentes e isso faz com que seja preciso saber como lidar com uns e com outros. «As particularidades residem mais a nível de personalidade. As mulheres são diferentes dos homens no modo de ser, de reagir, das suas crenças, das motivações, e tudo isso vem ao de cima nesta interação», diz a coordenadora. A título de exemplo, complementa ainda: «As mulheres têm uma força interior maior do que os homens, no meu entender, mas, por outro lado, têm mais dificuldade em estar em grupo porque são mais sensíveis, dão mais atenção aos pormenores e isso gera mais tensão, mais conflito».
Em busca do sonho de ser jogadora de futebol, uma rapariga necessita de apresentar a mesma «paixão pelo jogo, espírito de equipa e perseverança» que um rapaz. Ainda assim, a treinadora adverte: «É preciso apenas estar consciente que a repercussão social da vitória não é a mesma dos rapazes».
Para rematar, Andreia Santos aponta algumas dicas às raparigas que têm o mundo do futebol como uma meta a atingir. «Em primeiro lugar, aconselho-a a seguir o seu sonho e a não se ficar apenas pela vontade de jogar. Em segundo, deve ser perseverante e não se deixar abater pelos 'nãos' que pode vir a receber ao longo da carreira. Em terceiro, dir-lhe-ia para jogar com o coração», aconselha.