Surgiu, esta quinta-feira, a notícia que vinha pairando nos últimos tempos por Aveiro: o clube da cidade caiu com estrondo para os distritais, não conseguindo corresponder às exigências da Liga e da FPF. Uma história que tem, para já, um final triste.
Não é necessário recuar muitos anos no tempo para lembrar os tempos de glória aveirense. 19 de junho de 1999 registava um Jamor invulgar, vestido de amarelo e verde, cores de Beira-Mar e Campomaiorense. Os de Aveiro ganhavam, sob o comando de António Sousa e com o golo do filho Ricardo Sousa (1x0), num jogo muito sofrido para a equipa de amarelo, que marcou com dez e acabou com nove.
O momento mais alto da história do clube até agora
Nesse mesmo ano o clube desceu, mas jogou a Supertaça no seguinte (total de 2x5 com o FC Porto) e as competições europeias, caindo diante dos holandeses do Vitesse, com derrota em Portugal (1x2) e empate na Holanda (0x0). Fary foi o único a marcar em jogos da UEFA.
Subiu na mesma época, voltou ao convívio dos grandes e por aí andou a maior parte das vezes no século XXI. Aliás, o facto de o Beira-Mar ser o 11.º clube com mais participações (27) no principal campeonato em Portugal confere-lhe o estatuto de histórico.
Desde a sua primeira participação, em 1961/62, o primeiro jogo (empate 1x1 na receção ao FC Porto), o primeiro golo (Diego, nessa partida), são muitas as histórias que ficam no livro de recordações de um clube que conseguiu em 1990/91 a sua melhor prestação - sexto lugar.
Para além disso, acolheu ao longo do tempo vários nomes que foram referência no futebol nacional, se bem que nenhum com a grandeza de Eusébio da Silva Ferreira. O Pantera Negra também jogou no Beira-Mar, em 1976/77 (três golos em 12 jogos), tendo Mário Jardel sido o segundo nome mais sonante a vestir de amarelo na história: em 2006/2007, terminou a sua história de golos em Portugal com quatro em 13 partidas com a camisola do Beira-Mar.
O Estádio, os problemas
Se o progresso e a consolidação do clube na Primeira Liga eram cada vez mais uma realidade quando o século dobrou, ainda mais forte o nome do clube ficava com a garantia de um dos estádios do Euro 2004 ser em Aveiro.
©Catarina Morais
A equipa deixou o velhinho Mário Duarte, no centro da cidade, e mudou-se para a periferia, onde o Municipal de Aveiro passou a ser o palco de referência. 30 mil lugares, bem mais espaçoso e amplo, o estádio tinha tudo para corresponder ao crescimento do clube.
Só que, o invés desse crescimento, chegaram os problemas. Diretivos, financeiros e, consequentemente, desportivos. Várias direções, supostos investimentos e um clube que passou a variar constantemente entre a Primeira e a Segunda.
A cidade, afastada geograficamente, afastou-se também na afetividade. Por isso, os últimos tempos mostraram cenários desoladores no palco aveirense, mais acompanhado pelos carros da A25 do que pelos adeptos auri-negros.
Agora, a queda abruta, pela via administrativa, a corresponder à corda que rebenta depois de tanto ser esticada. O Beira-Mar vai jogar na 2.ª Distrital de Aveiro e o futebol português perde, para já, mais um dos seus históricos. Uma realidade cada vez mais habitual nos novos tempos de futebol como negócio.
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NomeEusébio da Silva Ferreira Nascimento1942-01-25 NacionalidadeDupla Nacionalidade PosiçãoAvançado (Ponta de Lança) | |
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