Jorge Jesus esteve, este domingo, na SIC Notícias para comentar a sua transferência da Luz para Alvalade mas não deixou de explicar o que pretende para este seu novo projeto. A conversa foi longa e o antigo técnico do Benfica falou de vários temas, sendo que de seguida pode ler todos os que são apenas relacionados com o emblema verde e branco.
Desde logo, Jorge Jesus confessou que não pensava trocar o Benfica pelo Sporting e manifestou que tudo aconteceu de forma «muito rápida».
«Não dava para imaginar, nem quando acabou esta temporada dava para imaginar que iria para o Sporting. Foi tudo muito rápido. O mês de junho? Foi normal, foi a pensar no final da época e no começo da nova. Mais trabalho, como é óbvio. Ando à procura de conhecer a realidade do Sporting. Entro às 7h na Academia e saio às 21h», afirmou Jorge Jesus.
Questionado se treinar o emblema leonino foi sempre um sonho, Jesus respondeu assim: «[Treinar o Sporting] nunca foi um sonho. Se tinha um sonho de treinar os três grandes quando estava no SC Braga? Claro que sim. Não sabia que teria essa possibilidade de treinar o Sporting após chegar ao Benfica. Quando apareceu a oportunidade não hesitei, nem discuti nada. Tinha outras propostas de fora de Portugal. Não tinha propostas de grandes clubes para ganhar a Champions, esse é um dos meus sonhos. Já ganhei tudo em Portugal e nunca fui a uma final da Champions. Posso sonhar com isso».
«Quis sabedoria e experiência com pessoas como o Octávio [Machado] e o Manel [Manuel Fernandes]. Falei com o presidente e entendeu-se que isso seria fundamental. A estrutura são as pessoas», salientou o técnico dos leões, que não quis falar sobre o passado de Marco Silva em Alvalade.
«Não me interessa muito falar do passado do Sporting. Só quero falar do presente e do futuro. Cada um tem a sua forma de trabalhar. A minha forma de trabalhar é esta e o presidente do Sporting achou que eu era o homem certo. Aceitei fácil e estou muito entusiasmado», disse, esclarecendo o facto de ter aceite o convite de Bruno de Carvalho numa altura em que os leões ainda tinham Marco Silva nos seus quadros. «Da minha parte não houve essa deselegância.»
E continuou a falar da estrutura leonina. «O Sporting tem pessoas bem organizadas e com conhecimento profundo do que é aquele grande clube. Comigo entraram duas pessoas que são o Otávio [Machado] e o Manel [Manuel Fernandes] em função das suas capacidades. Eu e o presidente acabamos por entender que estas pessoas podiam corresponder dentro daquilo que é o melhor para o Sporting. E dentro desta ideia foi fácil convidá-los a trabalhar comigo mas para o Sporting.»
No decorrer da conversa, Jorge Jesus foi convidado a fazer comparações entre a realidade leonina e aquela que tinha na Luz. «Não é muito importante estar aqui a fazer comparações. Não há estrutura quando não ganhas títulos, é bluff. A estrutura ajuda, é verdade», destacou. Mas a pergunta voltou e Jesus foi mais claro.
«Saí de uma situação confortável para uma situação de risco mas o futebol é risco», disse, falando depois sobre as alterações ao modelo de jogo que foi alterando ao longo dos anos.
«Um treinador tem que olhar para o jogo não só com o conhecimento ou a ideia da sua equipa. Um treinador tem que olhar para os pontos fortes e fracos do adversário. É natural que há adversários mais fortes que te colocam mais problemas do que as outras equipas. Aí, a tua estratégia não precisa de ser tão dependente.»
Em 2009, quando chegou ao Benfica, Jesus disse que os jogadores iam «dar o dobro». E agora no Sporting? «São situações diferentes. Eu via o Benfica, via os seus jogadores e a forma como jogava. No Sporting não posso dizer a mesma coisa. Nos últimos dois anos, o Sporting teve dois treinadores em que houve um trabalho tático. A qualidade do treinador português não tem igual.»
Durante a apresentação como novo treinador do Sporting, Jesus disse que a luta pelo título, em Portugal, era a três agora. Este domingo, explicou a sua mensagem. «Quem tem conhecimento deste clube não pode ir treinar o Sporting sem se assumir [como candidato ao título]. Mas, claro, que uns vão ter mais dificuldades que outros. É verdade que nos últimos 30 anos o Sporting venceu dois títulos mas tem massa, massa adepta. No Sporting tem que se ganhar títulos», sublinhou, dizendo que o Sporting deve procurar «no máximo cinco e no mínimo três jogadores» para reforçar o plantel.
Nesta entrevista à SIC Notícias, Jesus falou sobre a possibilidade de perder jogadores. «Acredito que o plantel do Sporting tem muita qualidade. Se me perguntas se estou preparado para perder esses jogadores, eu digo-te que não. O Sporting já perdeu o Cédric. Penso que vamos fazer uma equipa com qualidade para disputar o título. Uma coisa é ser candidato e em janeiro já não estares lá. Nós queremos chegar às decisões e ganhar.»Sobre possíveis reforços, Jesus preferiu «não mencionar nomes». Teo Gutiérrez ou Bryan Ruiz? «Isso passa pelo presidente. Claro que a minha palavra é determinante. Quando cheguei ao Sporting o Bryan Ruiz já estava em negociações com o Sporting», confirmou, falando sobre Van Wolfswinkel. «Foi um jogador que fez uma boa época no Sporting e depois saiu por uma verba boa.»
Na conversa, Jesus não negou que irá colocar William Carvalho «a jogar mais». «O William é uma certeza, um jogador com qualidade. O Sporting tem jovens que já são certezas, não são esperanças, nem dúvidas. O William será potencializado se a equipa também for. Só valorizamos jogadores se a equipa responder à conquista de títulos. É um jogador com características para dar mais. Não tenho dúvidas de que comigo vai jogar mais.»
Jorge Jesus falou também sobre o arranque de temporada. «Temos um começo de época complicado com o arranque do campeonato, o playoff. A Supertaça? Uma coisa de cada vez. O grande objetivo do Sporting é ser campeão. A Supertaça é o primeiro título e será importante. Especial por ser contra o Benfica? Não. Vou ter o mesmo respeito que tinha quando trabalhava no Benfica e enfrentava os adversários».
O tema dos árbitros serem escolhidos por sorteio ou nomeação foi colocado nesta entrevista e Jesus deu a sua opinião.
«Aqui o que importa é se sou mais de acordo com o sorteio ou com a nomeação. No fundo, com uma ou outra tem que haver jogo. A ideia do colinho vai haver sempre e não será uma alteração na nomeação que irá alterar isso. Se tens árbitros com muita qualidade, por que não o sorteio? Mas o mais importante é ter uma equipa forte, com qualidade, com capacidade para discutir os títulos, esse é o teu manto protetor», questionou o novo técnico verde e branco que falou sobre a relação com Jorge Mendes.
«Não me apresentou propostas só do Catar. Apresentou-me das melhores quatro equipas italianas. Se eu quisesse, tinha ido para o Napoli, Roma, Milan ou Inter», revelou.
Jorge Jesus prometeu também «olhar para todos os jogadores do Sporting, independentemente da nacionalidade e dos nomes». «O que me importa é a qualidade. Nos últimos anos, o Sporting é o clube que tem tido mais jogadores portugueses no seu onze mas em termos de títulos nada ganhou», referiu, confirmando que «há dois jovens que fazem parte da equipa B que vão para a equipa principal».
Mas dão garantias para a primeira equipa? «Não é para a primeira equipa, é para o plantel. Todos os jogadores emprestados, não só em Portugal mas fora de Portugal, estão a trabalhar comigo. Eu monto e crio o plantel na pré-época. Não parto para a pré-época com o plantel definido. Depois, o mercado é uma coisa hoje, daqui a 20 dias é outra.»
Jorge Jesus foi ainda convidado a explicar se levaria algum jogador do Benfica para Alvalade. «Não sou politicamente correto. O Benfica tem grandes jogadores. Não digo qual queria ter mas sei que tem grandes jogadores», disse explicando que acredita que vai ser campeão.
«Acredito que vou ser campeão. Temos que perceber a exigência do nome que eu represento. Qualquer treinador que treine o Sporting tem que ser campeão.»