O Benfica de Macau sagrou-se recentemente bicampeão do país e com o último título conquistado este ano ganhou o direito de entrar na história do futebol macaense. Pela primeira vez, o campeão de Macau vai ter a oportunidade de disputar uma competição internacional e cabe ao Benfica ter o privilégio de ser o primeiro representante macaense fora do país.
A AFC Cup, a segunda competição mais importante de clubes da Ásia, é a prova na qual o Benfica de Macau terá oportunidade de se estrear nas competições internacionais. Para já, o título de campeão permite disputar a ronda de qualificação, a qual está agendada para o próximo mês de agosto. Os macaenses estão inseridos num grupo de três equipas, em que os adversários são o Sheikh Jamal (Bangladesh) e o Alga (Quirguistão), e só o primeiro classificado terá direito depois a disputar o play-off de acesso à fase de grupos.
Mas o feito inédito do Benfica de Macau não é vivido apenas por macaenses. Este momento histórico, para ser real, contou com a colaboração de muitos portugueses. No total, foram oito jogadores, mais o treinador Bruno Álvares, técnico natural de Lisboa, que já passou pelas camadas jovens do Benfica e que decidiu rumar a Macau em 2013 para conhecer o sucesso. No currículo soma dois campeonatos conquistados e ainda tem a possibilidade de vencer a Taça pela terceira temporada consecutiva.
Uma realidade feliz para a qual contribuem Rui Nibra, Filipe Duarte, Cuco, Edgar Teixeira, Marco Meireles, Niki Torrão, Luisinho e Carlos Leonel. São estes os oito jogadores de nacionalidade portuguesa que integram o plantel bicampeão do Benfica de Macau e que vivem com entusiasmo a boa carreira do clube e o momento histórico do qual estão prestes a fazer parte.
O sonho de ainda poder jogar nos campeonatos profissionais em Portugal continua de pé, mas, para já, é em Macau que conta ficar, apesar do futebol ser menos atrativo que o português. «Tinha 21 anos e muita ambição quando decidi vir. Consegui ser bicampeão da Liga e ainda estou a lutar para ser tricampeão da Taça. O futebol em Portugal é mais rápido e mais agressivo, enquanto Macau tem um campeonato curto e com apenas cinco equipas que se equivalem, o que tira um pouco de competitividade à Liga. Mas nestes quatro anos nota-se que aqui o futebol está a evoluir com a ajuda de mais jogadores estrangeiros de muita qualidade», contou Edgar, acrescentando que «o calor e a humidade são as principais dificuldades. Os níveis de humidade estão sempre na ordem dos 80 a 100 por cento».
Benfica deu os parabéns pelo feito histórico
O nome não engana. Casa do Sport Lisboa e Benfica em Macau, assim se denomina o Benfica de Macau, teria obrigatoriamente que ter alguma ligação ao Sport Lisboa e Benfica. Em comum, os dois clubes têm hoje em dia o facto de se terem sagrado bicampeões esta temporada e os portugueses fizeram questão de parabenizar a filial de Macau pelas conquistas.
«Recebemos mensagens de apoio da parte do Sport Lisboa e Benfica e fizemos o mesmo para felicitar o bicampeonato em Portugal. Existiu até um jantar de comemoração desse título em Macau. Sabemos que existe uma relação entre o Benfica de Macau e o Benfica de Portugal», revelou Edgar, que agora está focado em acrescentar mais uma página de glória aos encarnados macaenses. Ainda assim, admite, a expectativa para a AFC Cup não pode ser muito elevada.
«As expectativas neste momento são baixas. É uma estreia para nós e mesmo para as organizações locais. Não sabemos aquilo que nos espera acerca dos adversários, do futebol praticado, do ambiente do torneio...Será tudo uma grande novidade, mas claro que vamos dar o nosso máximo e alcançar o melhor resultado possível», terminou o médio.