Quem diria, antes do jogo, que Portugal estaria a vencer a Alemanha por 3x0 ao intervalo? E que logo no primeiro minuto da segunda parte chegaria ao 4x0? E que ainda haveria tempo para chegar à mão cheia de golos? Ninguém, seguramente. No entanto, esse cenário foi real e, acima de tudo, não aconteceu por fruto do acaso. A seleção orientada por Rui Jorge foi claramente superior aos alemães e todos os golos marcados foram justíssimos. Em suma, o resultado gordo não deixa qualquer motivo para contestação numa tarde para mais tarde recordar.
Foram três golos apontados na primeira parte, mas até podiam ter sido mais. Isto porque a primeira ocasião de verdadeiro perigo saiu dos pés de Sérgio Oliveira, que depois de um excelente trabalho na direita de Ricardo Esgaio e de Ricardo Pereira, rematou com força mas ao poste. A bola não entrou, mas não demoraria muito para que tal acontecesse.
Bernardo Silva foi quem abriu as hostilidades aos 25 minutos, com um remate executado dentro da área que não deu qualquer hipótese de defesa a Ter Stegen. Na verdade, o guarda-redes alemão que recentemente se sagrou campeão europeu pelo Barcelona nada pôde fazer em todos os golos sofridos. Por isso limitou-se a ser mero espectador e a ver a bola entrar no 2x0, aos 33 minutos, assinado por Ricardo Pereira, que empurrou o esférico para o fundo da baliza na sequência de um canto, e no 3x0, já no período de compensação da primeira parte, num remate indefensável de Ivan Cavaleiro.
Refira-se, no entanto, que entre o segundo e o terceiro golo de Portugal surgiu a única situação de golo para a Alemanha marcar. Foi através de um remate de fora da área de Joshua Kimmich, ao qual José Sá correspondeu com uma bela defesa. O guardião português mostrou estar atento num jogo em que teve muito menos trabalho do que estava à espera, mas se tal aconteceu foi muito por culpa de uma bela exibição do setor mais recuado, mais concretamente de Paulo Oliveira – verdadeiramente imperial em todos os lances.
Ao intervalo, o selecionador alemão fez entrar Max Meyer, jogador que com alguma surpresa iniciou o jogo no banco, mas o futuro das duas seleções já estava praticamente definido e ainda mais ficou no primeiro minuto da etapa complementar. Bernardo Silva arrancou com a bola, entregou-a a Ricardo Pereira e este viu João Mário em boa situação. O médio do Sporting arriscou o remate e marcou, contando ainda com a felicidade de ver a bola bater num defesa e desviar a trajetória. Uma vez mais, Ter Stegen mais não pôde fazer do que limitar-se a ver a bola entrar.
O primeiro finalista do Campeonato da Europa foi encontrado cedo e a partir dos 50 minutos claramente passou a haver uma gestão do resultado e dos jogadores. João Cancelo teve oportunidade de se estrear, assim como Ricardo Horta. E os dois jogadores lançados por Rui Jorge na segunda parte foram intervenientes diretos no quinto golo. Após jogada individual de Rafa, que também ele entrou na etapa complementar, Cancelo cruzou desde o lado esquerdo e Horta, com um toque de classe, fez Portugal chegar à mão cheia de golos.
Portugal deu uma lição de superioridade à Alemanha e agora tem toda a legitimidade para sonhar com a conquista do Europeu, um feito que, a acontecer, será inédito na história do futebol português. A única presença na final da competição aconteceu em 1994, com a geração de Luís Figo, Rui Costa, João Vieira Pinto e companhia. Mas hoje, mais do que a ilusão, existe a consciência real de que Portugal tem tudo para ser campeão da Europa. Que o diga a Alemanha!