moumu 26-04-2024, 03:12
Depois de ter perdido o campeonato e falhado a conquista da Liga Europa, o Benfica permitiu a cambalhota ao Vitória de Guimarães em dois minutos e perdeu a possibilidade de conquistar a Taça de Portugal. A equipa vitoriana ganha o troféu pela primeira vez na sua história.
Benfica e Vitória de Guimarães entraram em campo sem surpresas nos titulares. Jorge Jesus apostou em André Almeida para a lateral-esquerda, deixando Melgarejo no banco, Garay e Cardozo, que chegaram a estar em dúvida para a final, jogaram de início. Rui Vitória jogou com o que tinha, à semelhança do que fez durante toda a época, sublinhe-se, de forma muito meritória.
O Benfica entrou em campo tal como nos habituou ao longo da época, mostrando, de facto, que nove anos é muito tempo para estar afastado do palco da prova rainha do futebol português. Cavalgadas e técnica, com alguma precipitação à mistura e que resultava em passes falhados, as águias foram iguais a si mesmas nos primeiros minutos. Do outro lado, contrariando o cognome de Conquistadores, os vimaranenses pareciam baratas-tontas, atarantados, perdendo quase sempre o duelo num meio-campo muito povoado e sempre muito distante de Amidó Baldé, o homem mais adiantado dos vimaranenses mas incapaz de se safar sozinho das manobras defensivas do Benfica.
Tão fácil era que Maxi atrevia-se como há muito não se via, sempre muito participativo no esquema ofensivo das águias, como se provou no golo que inaugurou o marcador.
À tabela também conta
Ameaçou, ameaçou, até que ele chegou, apesar de forma pouco ortodoxa. Sem deixar o Vitória respirar o Benfica ameaçou o alvo logo aos dez minutos. Salvio na direita a bater o canto, Garay a cabecear para uma bela defesa de Douglas. Ele mesmo que logo a seguir voou para agarrar uma bela jogada protagonizada por Gaitán, na esquerda.
Não estava, de todo, a ser um grande jogo. Mais ainda porque do lado vitoriano a réplica era curta, inconsequente, quase sempre de contra-ataque e com pouco critério no último terço. Sem posse, e quase sem respirar, diga-se, tal a pressão do Benfica, que não deslumbrava mas acelerava, o Vitória de Guimarães só criou perigo à passagem da meia hora.
Ainda os vimaranenses não acreditavam na oportunidade de golo desperdiçada, já o Benfica voltava à baliza contrária. Sem piedade, Maxi Pereira fez tudo bem na direita mas o cruzamento não saiu em condições, ficando à mercê de Kanu. Contudo, como um mal nunca vem só, o alívio saiu contra Nico Gaitán que, sem qualquer intenção de remate, acaba por fazer o golo encarnado. Foi pouco ortodoxo mas contou. Douglas fica caído na área incrédulo, olhando o céu.
Rui Vitória deve ter puxado as orelhas aos seus jogadores ao intervalo, porque os vitorianos entraram melhor no segundo tempo. Mais ofensivos, mais seguros na defesa, a mostrar que os segundos 45 minutos seriam diferentes dos primeiros.
Tiago Rodrigues pegou na batuta, chegou-se à frente com perigo, para irritação de Jorge Jesus, que não queria uma equipa em serviços mínimos, a dormir à sombra da vantagem.
Mas o Benfica é fortíssimo no que diz respeito à zona ofensiva e apesar de apresentar alguma tremideira lá atrás e conceder alguns espaços no meio-campo, ameaçou o golo aos 13´, por Lima. Valeu El Adoua, providencial, a tirar a bola dos pés do avançado, chutando para canto.
A melhoria do Vitória resultou em perda de qualidade do Benfica, que diminuiu, e de que maneira, a posse de bola. Talvez por isso Jorge Jesus tenha decidido abdicar de um ponta de lança, lançando Urreta para o lugar de Cardozo.
Quando já se fazia a festa nas bancadas, com os adeptos do Benfica assumindo a banda sonora dos fãs do San Lorenzo, Artur Moraes meteu água, fez asneira, da grossa, falhou um alívio e colocou a bola nos pés de Soudani, que empatou o jogo aos 79´.
Festejava-se o primeiro dos vitorianos e surgia o segundo. Ninguém queria acreditar e só se ouvia «Outra vez!» nas bancadas. Ricardo, que na próxima época vai jogar no FC Porto, rematou, a bola desviou em Luisão e entrou na baliza encarnada com Artur a não ficar, novamente, muito bem na fotografia.
O Vitória de Guimarães junta-se ao restrito grupo de clubes com uma Taça de Portugal conquistada: Estrela da Amadora, Beira-Mar, Leixões e SC Braga.
1-2 | ||
Nico Gaitán 30' | El Arbi Soudani 79' Ricardo Pereira 81' |